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NOTÍCIA

Rebelo de Sousa é eleito presidente em Portugal

Candidato conservador tem 52,1% dos votos com 95% das urnas apuradas. Ex-líder social democrata é professor de Direito e comentarista de televisão.

Data: Domingo, 24/01/2016 00:00
Fonte: Do G1, em São Paulo
 
 
Marcelo Rebelo de Sousa pode ser eleito no primeiro turno (Foto: AP Photo/Paulo Duarte)
Marcelo Rebelo de Sousa vota nas eleições deste domingo (24) (Foto: AP Photo/Paulo Duarte)
 

O conservador Marcelo Rebelo de Sousa, de 67 anos, foi eleito presidente de Portugal no primeiro turno, neste domingo (24), de acordo com resultados oficiais após a apuração de mais de 95% das urnas. "Eu serei a partir de agora o presidente de todos os portugueses e portuguesas", disse Rebelo de Sousa em discurso de vitória.

 

Esse professor de Direito Constitucional e famoso comentarista de televisão teve pelo menos 52,1% dos votos, uma ampla vantagem em relação a seu oponente mais próximo, o independente de esquerda António Sampaio da Novoa, com 22,74%.

 

Marisa Matias, a candidata do Bloco de Esquerda, próximo ao grego Syriza e ao espanhol Podemos, surpreendeu ao aparecer em terceiro, com 10% dos votos, à frente da ex-ministra socialista Maria de Belém Roseira (4,27%) e do candidato comunista Edgar Silva (3,87%).

 

No total, disputaram 10 candidatos, um número recorde para eleições presidenciais em Portugal.

 
 

Rebelo de Sousa, que tem grande popularidade além da esfera política graças a sua carreira de comentarista na televisão, realizou uma campanha personalista, sem cartazes, ou panfletos, privilegiando o contato direto com os eleitores.

 

Para o cientista político José Antonio Passos Palmeira, ele "é um candidato de consenso com um discurso moderado, que capta votos entre a direita e a esquerda".

 

A abstenção recuou ligeiramente, chegando a 52,1%, um pouco abaixo do recorde de 53,48% registrado na última eleição à presidência, em 2011. Quase 9,7 milhões de portugueses eram esperados nas urnas neste domingo.

 

Papel de árbitro
Marcelo Rebelo de Sousa tem o apoio oficial dos dois partidos de direita, PSD e CDS, mas se distanciou de ambos, associados às impopulares políticas de austeridade da legislatura anterior.

 

"Não serei o presidente de nenhum partido", prometeu, declarando que deseja ser "um árbitro acima das confusões".

 

Rebelo de Sousa é bastante diferente do atual presidente, Aníbal Cavaco Silva, que, aos 76 anos, chega ao fim do segundo mandato consecutivo.

 

Aníbal Cavaco Silva, presidente de Portugal, em pronunciamento neste domingo (Foto: Patricia de Melo Moreira/AFP Photo)
Aníbal Cavaco Silva, atual presidente de Portugal (Foto: Patricia de Melo Moreira/AFP Photo)
 

Ao contrário de Cavaco Silva, o "professor Marcelo" se mostra bastante conciliador com o governo de esquerda liderado por António Costa, seu ex-aluno na Faculdade de Direito de Lisboa.

 

Se for eleito, acredita o cientista político António Costa Pinto, "Marcelo não será um inimigo político do governo socialista".

 

Funções honorárias
Em Portugal, embora o chefe de Estado não tenha poder Executivo, exercendo funções basicamente honorárias, ele dispõe de uma prerrogativa: a de dissolver o Parlamento. Esse é um instrumento importante em uma campanha de baixa mobilização popular.

 

Para analistas políticos consultados pela agência France Presse, Rebelo de Sousa teria intenção de fazer uso dessa ferramenta apenas no caso de uma ruptura na inédita aliança da esquerda. O arranjo surgiu depois das eleições legislativas de 4 de outubro passado. No pleito, a coalizão de direita venceu, mas não obteve maioria absoluta.

 

Lista de candidatos à eleição presidencial em Portugal (Foto: REUTERS/Rafael Marchante)
Lista de candidatos à eleição presidencial em Portugal (Foto: REUTERS/Rafael Marchante)
 

O futuro presidente prestará juramento em 9 de março. De acordo com a Constituição, ele poderá usar sua prerrogativa de dissolução do Parlamento somente a partir de abril, seis meses depois das eleições legislativas de outubro.



Cidade boicota eleição
Eleitores da pequena cidade de Muro, norte do país, boicotaram a eleição presidencial deste domingo para exigir a conexão de sua localidade à rede ferroviária urbana da grande cidade vizinha do Porto.



"Os locais de votação permaneceram abertos das 8 às 11 da manhã, o mínimo legal, mas nenhum eleitor compareceu para votar, toda a população é solidária ao movimento", anunciou o prefeito Carlos Martins.

 

A empresa portuguesa de ferrovias deixou em 2002 de servir ao município, que tem quase 2 mil habitantes e fica 15 km ao norte da cidade do Porto, a segunda maior do país.