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NOTÍCIA

Indígenas Cinta Larga e Rikbaktsa voltam a andar em Juína após tensão

Data: Quarta-feira, 30/12/2015 00:00
Fonte: Eduarda Fernandes/RD News

A relação da população de Juína com indígenas das etnias Cinta Larga e Rikbaktsa ficou estremecida após a morte de dois jovens, supostamente causada por índios Enawenê Nawe, no último dia (9). Trata-se de três etnias distintas, que não têm relação direta entre si. Ainda assim, somente nos últimos dias é que os Cinta Larga e Rikbaktsa voltaram a frequentar a cidade. Por outro lado, os Enawenê Nawe não são vistos no município desde a data do assassinato da dupla, informa o vereador Paulo Roberto Tiepo (PSD).

 

Segundo o parlamentar, os moradores compreendem a diferença entre as etnias, contudo, logo após o crime ocorreu certa restrição contra indígenas em geral. “Eles têm uma convivência de mais de 40 anos e nunca tiveram problemas, mas isso é normal”, avalia. Tiepo conta que os Cinta Larga e Rikbaktsa chegaram a se manifestar contra o ocorrido.

 

Segundo o site Gazeta do Noroeste, essas etnias são contra a cobrança de pedágio realizada pelos Enawenê Nawe, na BR-174. Conforme o veículo de comunicação, Paulo Cinta Larga comentou que os filhos que estudam em Juína estavam sem frequentar às aulas por medo de represálias.

 

O cacique “Pueira” teria dito que não deve continuar o pedágio dos “cabeludos” se referindo aos Enawene Nawe. “Não vamos mais aceitar essa cobrança”, afirmou. Segundo a Funai, o pedágio continua sendo cobrado e ainda não há previsão de quando deve deixar a rodovia. No entanto, o diálogo tem sido mantido.

 

Tiros na Funai

 

Ainda nesse cenário, a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) no município sofreu um ataque na semana em que dois jovens foram mortos. De acordo com a Funai, o prédio foi alvo de tiros durante a noite, quando ninguém estava no local. Por conta disso, a sede ficou fechada durante dois dias. Após esse período, a Força Nacional começou a fazer a proteção da entidade 24 horas por dia.

 

O ataque foi confirmado pelo delegado da Polícia Civil do município, Rodrigo Rufato, contudo, detalhes sobre o ocorrido não foram repassados, pois o boletim de ocorrência teria sido encaminhado à Polícia Federal. Por conta do clima de insegurança, o vereador comenta que outro funcionário da Funai, que teria presenciado o assassinato, teria deixado a cidade.