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NOTÍCIA

Justiça aceita denúncia contra seis ex-diretores do Hospital do Câncer

Acusados terão de devolver R$ 26,9 mi de hospital na capital de MS. Justiça ainda analisa ação penal contra cinco indiciados pelo mesmo fato.

Data: Quinta-feira, 03/12/2015 00:00
Fonte: Do G1 MS
 
 
 

A Justiça Federal aceitou a ação de improbidade administrativa contra ex-diretores do Hospital do Câncer Alfredo Abrão, em Campo Grande, pelo prejuízo de R$ 26.973.011,01. Os desvios de recursos públicos entre 2004 e 2012 foram investigados pela operação Sangue Frio, deflagrada em 2013.

 

Respondem pelo prejuízo os ex-diretores do hospital Adalberto Abrão Siufi e Issamir Farias Saffar; o ex-diretor presidente, Luiz Felipe Terrazas Mendes; ex-presidente da Fundação Carmen Prudente (mantenedora do hospital), Blener Zan; ex-administradora Betina Moraes Siufi Hilgert; e Adalberto Chimenes, ex-funcionário.

 

Além de terem de pagar o prejuízo milionário, se condenados, os acusados terão a suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa civil e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.

 

A decisão da Justiça Federal foi em setembro de 2015, mas foi divulgada nesta quinta-feira (3).

 

Ação Penal
A ação penal contra os ex-diretores pelos crimes de estelionato, associação criminosa e peculato, que é o crime cometido por servidor público, ainda está sendo analisada pela Justiça Federal. As penas, somadas, podem ir de quatro a 20 anos de prisão.

 

Operação
No dia 19 de março de 2013, PF, a Controladoria Geral da União (CGU) e os Ministérios Públicos Federal e Estadual recolheram documentos e computadores no Hospital Universitário (HU) e no Hospital de Câncer Alfredo Abrão.

 

'Médico que mais produzia era eu', diz Siufi sobre Hospital do Câncer (Foto: Nadyenka Castro/G1 MS)
Adalberto Siufi, ex-diretor do Hospital de Câncer
(Foto: Nadyenka Castro/G1 MS)
 

Quando a operação foi deflagrada, os suspeitos já estavam sendo investigados. Diretores dos hospitais, funcionários e fornecedores tiveram o sigilio telefônico quebrado. Dos inquéritos concluídos, um já está com o Ministério Público Federal (MPF) e os outros dois devem ser encaminhados nos próximos dias.



Três pessoas foram indiciadas na investigação que apura irregularidades no Hospital de Câncer: o médico e ex-diretor da unidade de saúde, Adalberto Siufi; a filha dela, ex-diretora finaneira do hospital, Betina Siufi, e o ex-tesoureiro de lá.



Os três podem responder pelos crimes de estelionato, peculato e violação de dever na administração pública, todos na forma continuada, que é quando as irregularidades se repetem várias vezes.



"Isso demonstra que não se tinha controle nenhum sobre o que essas pessoas faziam em hospitais filantrópicos, ou seja, hospitais sem fins lucrativos. Então apurou-se nesse inquérito policial que todos os recursos que eram repassados pelo SUS para esse hospital, o do Câncer, os lucros que eram pra ser revertidos pro proprio hosptial eram embolsados indevidamente. O lucro auferido por esses hospitais, pelo Hospital de Câncer era pra ser revertido pró-hospital, pró-populaçao, e vem ao contrátrio, todo esse lucro era revertido pró-diretores do hospital", fala Edgar Marcon.



Hospital Universitário
Em relação ao HU, dois inquéritos apuram irregularidades no hospital. Um deles investigou o setor de cardiologia, especialidade médica do então diretor José Carlos Dorsa, e o outro, contratos para a compra de equipamentos e prestação de serviços nas áreas de nutrição e construção civil.

 

Depoimento do ex-diretor do HU, José Carlos Dorsa, na CPI da Saúde da Câmara de Campo Grande MS (Foto: Izaias Medeiros/Câmara Municipal)
Ex-diretor do HU, José Carlos Dorsa
(Foto: Izaias Medeiros/Câmara Municipal)
 

Ao todo, 17 pessoas foram indiciadas. Dorsa, três assessores dele, três servidores do HU e 10 empresários e representantes de empresas. Eles vão responder pelos crimes de corrupção passiva, peculato, dispensa ilegal, fraude à licitação e formação de quadrilha.



"O  diretor administrava um hospital ligado a UFMS como que se fosse dele e de seus, da quadrilha que estava formada ali, aonde o próprio diretor clínico era o cabeça da quadrilha", declara o superintendente da PF.



Com a mudança na diretoria do HU, a CGU já detectou economia de R$ 2,5 milhões. A CGU monitora gastos públicos do HU e já identificou o cancelamento de três contratos, ou desnecessários ou superfaturados.