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NOTÍCIA

Químico criador de droga contra o câncer defende eficácia no Senado

A USP de São Carlos suspendeu a distribuição da fosfoetanolamina, mas está enfrentando liminares que obrigam a entregar o produto.

Data: Sexta-feira, 30/10/2015 00:00
Fonte: G1. Globo/ Jornal Hoje/ Rafael Castro
 
 
 

O químico aposentado da USP que desenvolveu a substância fosfoetanolamina, usada no combate ao câncer, defendeu a eficácia do produto em uma comissão no Senado, na manhã desta quinta-feira (29).

 

A USP de São Carlos suspendeu a distribuição, mas está enfrentando uma enxurrada de liminares que obrigam a universidade a entregar o produto a pacientes que recorreram à justiça.

 

Na página da USP na internet, a universidade  ressalta que não é uma indústria química e não tem condições de produzir a substância em larga escala para atender a todos os pedidos.

 

Apesar de não ter sido testada cientificamente em seres humanos, as cápsulas foram entregues de graça por 23 anos. Em junho do ano passado, a USP interrompeu a distribuição e os pacientes começaram a recorrer à justiça.

 

A USP recebe, pelo menos, 60 novas liminares todos os dias,  mas apenas um funcionário produz a substância. Em função disso, a justiça em São Carlos está concedendo agora liminares com prazo maior para a entrega do produto: aumentou de cinco para 20 dias.

 

Segundo o cientista que desenvolveu a pílula, a substância é um marcador que deixa evidente a célula tumoral para o próprio sistema imunológico do paciente combatê-la.



A Anvisa é contra a distribuição, porque as capsulas não têm registro, o que demora de cinco a 15 anos, normalmente. "A nossa posição é de preocupação para que nós não comecemos a criar, do ponto de vista jurídico do país, brechas para que medicamentos possam estar sendo utilizados em larga escala sem que eles demonstrem cabalmente que são seguros e eficazes", explica o diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa.

 

A discussão chegou ao Senado. Em uma audiência, o químico aposentado Gilberto Orivaldo Chierice, que desenvolveu a fosfoetalolamina, defendeu a substância, disse que ela dá resultados e pediu que testes clínicos sejam feitos para comprovar a eficácia.

 

O ministro do STF que concedeu liminar para uma paciente do Rio, vê com bons olhos essa discussão. “Todo diálogo certamente é bem-vindo entre conhecimento e experiência, para que os protocolos científicos sejam respeitados e ao mesmo tempo a vida humana também seja protegida", afirmou Edson Fachin.