As contas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na Suíça não eram apenas para ocultar dinheiro, mas para tentar lucrar ainda mais. Extratos das movimentações financeiras mostram diversas operações de compra e venda de ações. Na análise de perfil feita pelo banco Merrill Lynch, ele é descrito como “investidor agressivo”.
As ações de empresas brasileiras estão entre as que mais passaram pela carteira de investimentos. Cunha comprou e vendeu títulos de Petrobras, Vale, Cemig, Eletrobras e OGX Petróleo. Lucrou muito, mas também registrou perdas. No caso da Petrobras, conseguiu realizar bons negócios em 2009. Há o registro da compra de 40 mil ações da estatal por US$ 1 milhão, entre janeiro e abril daquele ano. Entre abril e maio, Cunha vendeu as mesmas 40 mil ações e teve lucro de US$ 413 mil.
Mas a Petrobras também deu decepções ao deputado. Quando a conta Netherton foi bloqueada, em abril deste ano, Cunha tinha 50 mil ações da estatal no valor total de US$ 439,5 mil. O problema é que o extrato informa que Cunha tinha pago US$ 1,1 milhão por esse lote. Ou seja, as perdas passavam de US$ 650 mil. A outra conta bloqueada, a Kopek – que tem a mulher de Cunha, Cláudia Cruz, como beneficiária – também tinha o registro de perdas de mais US$ 34 mil.