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NOTÍCIA

'Acorda chorando de 5 em 5 minutos', diz pai de menina de 4 anos estuprada

Vídeo mostra menina andando sozinha pelas ruas depois em bairro de MS. Ela saiu de casa enquanto irmão dormia e mãe trabalhava, no sábado (12).

Data: Terça-feira, 15/09/2015 00:00
Fonte: G1 MT
 
 

A menina de 4 anos, estuprada no bairro Izabel Garden, em Campo Grande, não consegue dormir desde sábado (12), quando foi encontrada por moradores do bairro vizinho em frente a casa da avó. Ela estava suja de terra, com roupas molhadas e com frio. O pai da criança disse ao G1, nesta segunda-feira (14), que a filha está em choque.

 

"Ela não está dormindo direito. Acorda chorando de cinco em cinco minutos pedindo a mãe. No começo ela nem queria que a gente chegasse perto, mas quando fui lá [no hospital] ela deu uma risada pra mim e eu que fiquei lá com ela", contou o pai.

 

Segundo a família, a criança continua internada na Santa Casa por conta dos ferimentos provocados pelo estupro. A assessoria de imprensa do hospital informou que a menina está na enfermaria, em observação e que o estado de saúde dela é estável. Informações iniciais da polícia eram de que a criança tinha 4 anos de idade, mas, segundo o hospital, ela tem 3 anos e faz aniversário em dezembro.

 

O homem, que não mora em Campo Grande, disse que só tem ela de filha e que está separado da mãe da criança há cerca de um ano. Segundo ele, até antes de separação, os três moravam juntos. Ele contou também que a mãe da menina está desesperada desde sábado.

 

"Ela está em desespero, também não para de chorar, diz que se sente culpada. Mesmo seperado dela, quero levar as duas pra morar de novo comigo. Lá elas vão ficar mais perto de mim, sempre foi assim, eu trabalhava e deixava as duas em casa", relatou.

 

A mãe da menina pode ser investigada por abandono de incapaz, segundo a polícia. Revoltado com a situação, o pai cobra providências da polícia e espera por justiça. "É uma revolta muito grande. Queremos achar o culpado e pedimos que a polícia continue a investigação até encontrar, que não pare sem encontrar o culpado", apelou.

 

A criança está sendo acompanhada por psicólogos e o Conselho Tutelar e tem dificuldades para falar, segundo o pai. "Ela já tinha problema na voz, estava fazendo acompanhamento com fono [fonoaudióloga], para enteder o que ela fala só a gente mesmo da família. Agora então, ela se tranca ainda mais, se fecha mais ainda para falar, complicou muito", relatou.

 

Ele também contou que a ex-mulher e a filha moravam com a avó materna até um tempo atrás, mas depois a mulher se mudou para um bairro vizinho, onde a criança foi encontrada no fim de semana. Desde então, a menina mora com a mãe e o irmão de 15 anos.



Segundo o pai, a mãe não quer dar entrevistas. O G1 tentou contato com a avó materna, mas ela não atendeu aos telefonemas.

Rotina
Imagens feitas por câmeras de segurança instaladas em casas próximas mostram a menina saindo de casa bem cedo. As primeiras gravações registram a passagem dela por volta 5h40 (de MS). Ela anda lentamente pela calçada, para algumas vezes e chega até a agachar. Em seguida, continua caminhando.

A criança foi encontrada em frente à casa da avó, no bairro Morada Verde, região norte de Campo Grande. Segundo o pai da menina, todos os dias a mãe sai para trabalhar e depois o irmão leva a garota para a casa da avó, por volta das 6h.

 

Segundo uma vizinha, que preferiu não se identificar, a menina estava sozinha na rua, suja de terra e com frio. Ela também apresentava sinais de abuso sexual. Moradores chamaram a Polícia Militar assim que perceberam a gravidade do caso. Eles não sabem dizer como a menina foi parar perto da casa da avó, que mora em outro bairro.

 

Investigação


No dia do crime, a avó e o irmão da criança foram ouvidos informalmente na delegacia. Eles contaram que a mãe tinha deixado a menina em casa com o irmão para trabalhar e que o adolescente dormiu em outro quarto. Segundo a polícia, o garoto só ficou sabendo do estupro quando a polícia foi até a casa dele, por volta das 7h.

 

O exame de corpo de delito constatou o estupro, segundo a delegada plantonista Priscila Anuda, da Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) do Centro. As roupas usadas pela menina no dia do abuso foram entregues pela família à polícia. O material deve ser periciado.

 

O caso será encaminhado para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), que continuará as investigações. O Conselho Tutelar também está acompanhando. Até o momento, três homens foram detidos para esclarecimentos e liberados em seguida. Ninguém foi preso. A polícia diz que já tem uma linha de investigação, mas ainda não pode dar detalhes para não atrapalhar o andamento.