Uma declaração do presidente da CUT para defender o governo provocou constrangimento. Ele falou em armas quando a presidente Dilma falou em diálogo.
A presidente Dilma Rousseff estava reunida com integrantes de movimentos sociais favoráveis ao governo, quando ouviu o presidente da CUT falar em trincheiras e uso de armas. Dilma reforçou a importância do diálogo e respeito a diferentes opiniões.
O palácio ficou lotado. Quarenta entidades foram recebidas pela presidente Dilma e por 10 ministros. A reunião com movimentos populares foi cheia de discursos de apoio. O presidente da CUT citou, no discurso dele, o uso de armas para defender a democracia. “Somos defensores da unidade nacional na construção de um projeto nacional de desenvolvimento para todos e para todas. E que isso implica agora nesse momento ir para as ruas entrincheirados com arma na mão se tentarem derrubar a presidenta Dilma Rousseff”, diz Vagner Freitas, presidente da CUT.
A presidente Dilma disse que o governo vai garantir dinheiro para os projetos sociais. Deu um recado para a oposição, de que, numa democracia é preciso respeitar o resultado da eleição. Mas, em um tom oposto ao dos discursos dos movimentos sociais defendeu o respeito ao adversário
“As pessoas que pensam diferente da gente tem de ser respeitadas. Diálogo é diferente de pauleira. Diálogo é diálogo. Pauleira é pauleira. Então ninguém pode chamar de diálogo xingar as pessoas. Ninguém pode chamar de diálogo a intolerância, botar bomba em qualquer lugar não é diálogo. A democracia é algo que nós temos de preservar, custe o que custar. Eu brigo até a hora do voto, depois eu respeito o resultado da eleição”, afirma a presidente Dilma Rousseff.
O governo não comentou a declaração. Depois do ato e dos discursos, o presidente da CUT disse que foi mal interpretado. E que usou um jargão comum entre os sindicalistas. “Essa minha declaração, ela foi apenas uma figura de linguagem. É a arma da construção da democracia. É a arma do debate das ideias, nunca de nenhum tipo de violência física, nada bélico”, diz Vagner Freitas.
Para a Ordem dos Advogados do Brasil, falar em arma não contribui para a democracia. “O que a ordem jamais irá admitir e lutará para que não ocorra é o uso da violência, da arma e da força como uma saída institucional que seja pregado por quem quer que seja”, afirma Marcus Vinicius Furtado Coêlho, presidente da OAB.
A OAB disse também que não pode haver desrespeito à ordem constitucional. “Em havendo prova concreta e definitiva da participação de alguém que for eleito na prática de crime de corrupção, a Constituição da República prevê formas de afastamento. Mas a regra é a prevalência da vontade popular e do respeito ao resultado das urnas”, afirma o presidente da OAB.