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Delator de esquema de R$ 9 milhões oferece casa de R$ 160 mil para restituir patrimônio público

Data: Segunda-feira, 13/07/2015 00:00
Fonte: Olhar Direto
 
Delator de esquema de R$ 9 milhões oferece casa de R$ 160 mil para restituir patrimônio público
 
 
 

O ex-advogado do Banco HSBC, Joaquim Fábio Mielli Camargo, delator de um suposto esquema para desvio de dinheiro da Assembleia Legislativa, teria oferecido uma casa no município de Chapada dos Guimarães como pagamento do acordo de restituição do erário junto ao Ministério Público de Mato Grosso. O imóvel, situado no Condomínio Serras Azuis, é valorado em R$ 160 mil pela prefeitura, de acordo com documento encaminhado pela defesa do advogado ao  Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco). As investigações, porém, apontam fraude de R$ 9 milhões.

 

A análise dos documentos indicam que exatos 13 dias após a assinatura do termo de declaração realizado por Joaquim Mielli ao MPE, a propriedade foi transferida para Ricardo Boscolo Camargo, filho do ex-representante do HSBC. A operação foi registrada para facilitar a entrega. O imóvel foi o único arrolado inicialmente pelo investigado no procedimento instaurado pelo Gaeco. Na tentativa de angariar valor, Mielli afirmou que “a casa possui sistema de aquecimento central de água; [...] Foi construído um quiosque no terreno dos fundos com materiais de 12 linha, para laser em ambiente arborizado; [...] Suíte com banheira de hidromassagem; [...] Além de outras benfeitorias menores (lareira, recepção de programas televisivos por antena parabólica, cozinha Kitchens com ampla pia de granito, televisão, geladeira)”.




 



A defesa do delator endereçou documento ao Grupo de Combate ao Crime Organizado intitulado “cópia da escritura da casa na Chapada dos Guimarães que será entregue como parte do pagamento do acordo”. Em consequência ao sigilo, os termos gerais do acordo ainda não foram revelados. Novos bens não foram identificados. A reportagem do Olhar Direto entrou em contato com Huendel Rolim, assessor jurídico de Mielli. O advogado, porém, afirmou que não poderia comentar sobre os fatos devido ao segredo de justiça pedido pelo Ministério Público.








O caso



Conforme apurado pela Operação Ventríloquo, o então presidente afastado da ALMT, José Riva (PSD), teria determinado o pagamento de dívida na integralidade de R$ 9 milhões em face ao banco HSBC relativa à débitos em atraso na contratação de seguros de saúde para os servidores da Casa de Leis desde que metade do montante fosse desviado para o grupo organizado pelo parlamentar. O pagamento da dívida foi efetuado ao advogado Joaquim Fábio Mielle, supostamente em favor do HSBC.



Um segundo advogado de nome Júlio Cesar Domingues Rodrigues teria intermediado a negociação. Já Márcio Bastos Pommot, na qualidade de Secretário Geral da Assembleia Legislativa, teria agilizado o processo de pagamento e prestado a assessoria necessária para a sua tramitação. Márcio permanece preso no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC) desde o dia 1º de julho, com a deflagração da Operação Ventrícolo. Na mesma ocasião, Riva foi preso e liberado, cerca de 33 horas depois, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).