ARIPUANÃ, Sexta-feira, 29/03/2024 -

NOTÍCIA

Papa admite que, às vezes, divórcio é 'moralmente necessário'

Francisco disse que separação pode ser necessária quando se trata de proteger o cônjuge mais frágil ou as crianças de intimidação, violência, humilhação e exploração

Data: Quarta-feira, 24/06/2015 00:00
Fonte: Ultimo Segundo

O papa Francisco considerou nesta quarta (24) que a separação de uma família pode ser "moralmente necessária", como em casos de violência. "Há casos em que a separação é inevitável", declarou o papa durante a audiência geral das quartas-feiras na praça de São Pedro, no Vaticano.

 

"Algumas vezes, ela [a separação] pode tornar-se mesmo moralmente necessária, quando se trata de proteger o cônjuge mais frágil ou as crianças das feridas mais graves causadas pela intimidação e pela violência, a humilhação e a exploração", acrescentou Francisco.

 

 

O papa insistiu na necessidade de proteger as crianças. "Apesar da nossa sensibilidade aparentemente evoluída e das nossas análises psicológicas elaboradas, pergunto-me se não estamos anestesiados perante as feridas da alma das crianças", questionou.

 

"À nossa volta, vemos diversas famílias em situações ditas disfuncionais – não gosto desta palavra – e nos colocamo algumas questões: como ajudar? Como acompanhar a situação de modo a que a criança não se torne refém do pai ou da mãe?", disse o papa.

 

O líder dos católicos ainda pediu que a comunidade cristã se ajude e disse não gostar das afirmações que existem "famílias consideradas em situação irregular" perante à Igreja. Ele finalizou a homilia pedindo orações para ajudar as famílias com problemas.

 

Estas questões, colocadas durante a última audiência geral antes da pausa de julho, é claramente dirigida aos padres que vão se reunir em outubro, no Vaticano, para o sínodo sobre a família.

 

Em um documento de trabalho para este sínodo, divulgado nesta terça (23), o Vaticano reafirmou a indissociabilidade do casamento, ao mesmo tempo que promete facilitar o acesso a procedimentos para anulação do matrimônio e cita a possibilidade de "caminhos de penitência" em condições muito rigorosas, suscetíveis de permitir a comunhão aos divorciados que voltaram a casar.

 

Desde que assumiu o Pontificado, Bergoglio pede que os cristãos não julguem aqueles divorciados que se casaram novamente e sempre ressaltou que eles não estão "excomungados" da Igreja - só não podem comungar. A postura do sucessor de Bento XVI vai contra as principais correntes tradicionalistas católicas - que não aceitam a integração de quem estaria vivendo contra as normas da Igreja.