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NOTÍCIA

Desemprego fica em 8% no trimestre até abril, diz IBGE

É a maior taxa para o trimestre desde o início da pesquisa, em 2012. No trimestre encerrado em abril, havia 8 milhões de pessoas desocupadas.

Data: Quarta-feira, 03/06/2015 00:00
Fonte: Cristiane Caoli e Marta Cavallini Do G1 no Rio e em São Paulo
 
 
 

A taxa de desemprego subiu nos últimos três meses até abril deste ano e chegou a 8%, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo trimestre de 2014, o índice foi de 7,1%, no trimestre encerrado em janeiro deste ano, em 6,8%, e nos primeiros três meses de 2015, em 7,9% .

 

 

TAXA DE DESEMPREGO
em % (o mês apontado é quando acaba o trimestre)
7,176,86,96,96,86,66,56,56,87,47,98em %abr/14mai/14jun/14jul/14ago/14set/14out/14nov/14dez/14jan/15fev/15mar/15abr/156,577,5868,5
Fonte: IBGE
 

“Um número maior de pessoas procurou trabalho do que a gente observou em períodos anteriores”, afirmou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.



De acordo com o IBGE, é a maior taxa para o trimestre encerrado em abril desde o início da pesquisa, que começou em janeiro de 2012. Naquele ano, o índice de desemprego ficou em 7,8%, se repetindo em 2013.



Na comparação com todos os trimestres, é o maior resultado desde janeiro a março de 2013, quando a taxa também foi de 8%.



Segundo Azeredo, no trimestre até abril de 2013 para 2014, a população ocupada aumentou 1,9%. Já no mesmo período de 2014 para 2015, cresceu apenas 0,7% - a menor geração de postos de trabalho da série.



Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que substitui a tradicional Pnad anual e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). São investigados 3.464 municípios e aproximadamente 210 mil domicílios em um trimestre, informou o coordenador do IBGE.



Ocupação
No trimestre encerrado em abril, havia 8 milhões de pessoas desocupadas. A estimativa no trimestre de novembro a janeiro de 2015 era de 6,8 milhões, o que aponta alta de 18,7% (1,3 milhão de pessoas a mais). No confronto com igual trimestre do ano passado, essa estimativa sobe 14% (985 mil pessoas a mais).

 

Já o número de pessoas ocupadas foi estimado em 92,2 milhões. No confronto com o trimestre de novembro a janeiro deste ano, houve redução de 511 mil pessoas (-0,6%). Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, a estimativa sobe 0,7%, (629 mil pessoas a mais).

 

“Em anos anteriores, ela [população ocupada] ficou estável. Agora, ela apresenta um início de queda de 0,6%. O que significa isso? A geração de vagas, de postos de trabalho, de oportunidade de emprego reduziu e consequentemente um número de pessoas buscando trabalho acabou aumentando”, diz Azeredo.

 

O nível da ocupação foi estimado em 56,3% no trimestre terminado em abril - declínio de 0,5 ponto percentual frente ao trimestre de novembro a janeiro. Comportamento semelhante foi observado quando na comparação com igual trimestre do ano anterior. Segundo o IBGE,  isso ocorre devido ao acréscimo da população em idade de trabalhar (1,7%) ter sido superior ao da população ocupada (0,7%).

 

“A população ocupada subiu 0,7% e a população em idade de trabalhar subiu 1,7%, ou seja, entrou mais gente do que cresceu a população ocupada, consequentemente, o nível da população vai aumentar e consequentemente a fila da desocupação vai aumentar também”, prevê o coordenador.

 

Azeredo analisa que há uma perda de emprego e da qualidade do emprego, o que leva pode levar a um aumento da informalidade.

 

“A desocupação aumenta baseada num movimento sazonal só que ela vai além do sazonal, teve intensidade maior. A população ocupada, que até então estava estável, deixou de estar estável, apresentou queda. Ela, num período mais curto, caiu meio milhão. O reflexo foi na população desocupada. Nesse início do ano com final do ano ficou aquela expectativa de quanto o mercado vai reter de população ocupada, e ele não reteve nada, ele botou para fora”, diz Cimar Azeredo.

 

Setores
No setor privado, houve redução de empregados em relação ao trimestre de novembro a janeiro de 2015 de 1,1% entre os que têm carteira de trabalho e de 3,6% entre os sem carteira assinada. Mesma situação ocorre em relação ao trimestre de fevereiro a abril de 2014 (com carteira, de -1,5%, e sem carteira, de -3,7%). De acordo com o IBGE, em um ano, o contingente de empregados no setor privado com carteira assinada perdeu 552 mil pessoas.

 

“Você tem perda de emprego tanto no emprego registrado quanto no não registrado. Aquelas pessoas que são arrimo de família e precisam de emprego imediato para se sustentar procuraram um caminho que foi o emprego por conta própria, a informalidade. E parte dos que são sustentados por outras pessoas ou não são arrimo de família pode ter a opção de ir para a fila da desocupação. Agora, que houve perda do emprego, houve”, afirma Azaredo.

 

Nos grupamentos por atividade, em relação ao trimestre de novembro a janeiro de 2015, houve grande variação apenas no setor de construção (-3,7%). Frente ao trimestre de fevereiro a abril de 2014, houve redução no contingente de trabalhadores na administração pública, defesa e seguridade social (-9,5%) e na construção (-7,6%). Já nos setores de educação, saúde e serviços sociais, e de serviços prestados às empresas, houve aumento na ocupação de 7,2% e 6,7%, respectivamente.

 

“A construção foi a única que apresentou queda significativa do ano 2014 para 2015. Foi uma mudança de patamar importante. Na indústria você tem queda, mas começa a apresentar processos de recuperação”, analisou Cimar Azeredo.

 

Rendimento
O rendimento médio real (todos os ganhos recebidos no mês) de todos os trabalhadores ocupados foi estimado em R$ 1.855, estável frente ao trimestre de novembro a janeiro de 2015 (R$ 1.864) e em relação ao mesmo trimestre do ano passado (R$ 1.862).