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NOTÍCIA

Em crise financeira, Corinthians não vê culpados e tenta evitar reformulação

Data: Quinta-feira, 14/05/2015 00:00
Fonte: Gazeta Esportiva/ Helder Júnior
 
 
 
 

Tite fala que o Corinthians está em construção desde os exagerados elogios do início do ano até as duras críticas do presente. Com o fracasso na Copa Libertadores da América consumado, o técnico agora espera que não desabem também as bases do elenco que ele herdou de Mano Menezes.

 

"Precisamos tomar muito cuidado com o lado emocional. Não podemos dizer que alguém não presta, que está errado, que deve sair. Futebol não é assim. Existe o componente da estruturação. A construção de uma equipe demanda tempo e é feita com erros e acertos", discursou Tite.

 

Ainda que uma eliminação na Libertadores não represente mais o estopim para mudanças substanciais no Corinthians e jogadores como o lateral esquerdo Fábio Santos e o meia Jadson, expulsos contra o Guaraní, sejam preservados da frustração de torcedores, a manutenção de todo o grupo é complicada.Os dois atacantes titulares de Tite, por exemplo, correm sérios riscos de deixar o clube. Paolo Guerrero tem contrato até 15 de julho e pede alto para renovar, enquanto o vínculo de Emerson expirará no dia 31 do mesmo mês. No caso do Sheik, os valores seriam menores, porém a sua idade avançada (36 anos) e o apego a polêmicas (por indisciplina, foi desfalque nas eliminações diante de Palmeiras e Guaraní) pesam contra a permanência.

 

"Precisamos conversar com a comissão técnica sobre o Emerson. Se houver interesse, negociamos", condicionou o presidente Roberto de Andrade, desconversando também sobre a possibilidade de propor uma redução salarial ao Sheik. "Dependendo de como colocamos isso, pode soar desrespeitoso."

 

Seja como for, o dinheiro é um grande problema para o Corinthians. A diretoria ainda não sacramentou o empréstimo para quitar os direitos de imagem do elenco. Sem os jogos da Libertadores, ainda haverá uma queda brusca nas arrecadações com bilheteria, que são destinadas a um fundo com a finalidade de quitar o estádio de Itaquera.

 

A crise econômica, no entanto, interfere mais na situação de Guerrero. O principal jogador do Corinthians é cobiçado por outras equipes e não abre mão de receber luvas milionárias como prêmio pela prorrogação do seu contrato. "Se o acordo não for renovado, será por questões financeiras", simplificou Roberto de Andrade.

 

Ao mesmo tempo em que trabalha para manter Guerrero (e talvez Emerson), o Corinthians está disposto a negociar os seus jogadores. "Basta trazer o cheque", conforme declarou o presidente antes da segunda derrota para o Guaraní.Sobram candidatos a sair. Reforços para a temporada mais bem pagos, o atacante Vagner Love e o volante Cristian não ficaram nem no banco de reservas em Itaquera na noite de quarta-feira. Mas também não tem mercado. O zagueiro Gil e o atacante Malcom, ao contrário, poderiam chamar a atenção no exterior. Já o volante Petros e o atacante Luciano viraram alvos de especulações pela perda de espaço que tiveram sob o comando de Tite.

 

Enquanto aguarda as definições por parte da diretoria, o técnico remói o fracasso na Libertadores e tenta reanimar o Corinthians para o Campeonato Brasileiro. "Queríamos dar alegria para o torcedor. Devemos agora saber tomar as pancadas, gemer e suportar. A expectativa de retomar um padrão é minha. Faço uma cobrança muito forte no meu trabalho", avisou.

 

Por enquanto, quem não cobra a dívida de futebol do elenco do Corinthians é o presidente. O que não significa abertura para a chegada de reforços, como ele havia ousado cogitar em caso de classificação na Libertadores. "Temos um elenco satisfatório para o Campeonato Brasileiro", avaliou Roberto de Andrade, sem levar em consideração eventuais baixas por força da crise. "Não temos que necessariamente negociar alguém. E não dá para fazer conta com um dinheiro que não está na mão."

 

 
Gazeta Esportiva