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Henry pressionou para nomear corrupto na Petrobras e recebia R$150 mil

Depoimentos apontam que Henry atuou na nomeação de Paulo Roberto Costa na Petrobras, e recebia mensalmente na “cota” partidária do esquema

Data: Domingo, 08/03/2015 00:00
Fonte: Diário de Cuiabá

Foto:Reprodução

 

Os indícios de participação do ex-deputado federal por Mato Grosso, Pedro Henry, no esquema de desvio bilionário da Petrobras, estão relacionados ao poder de influência do ex-parlamentar no Congresso Nacional, que culminou no recebimento de propina pela bancada do PP que variava de R$ 30 mil a R$ 120 mil mensais.

 

Conforme as investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR), Henry, juntamente com os deputados federais do PP, José Janene e Pedro Corrêa, teria realizado manobra política para que Paulo Roberto Costa ocupasse a diretoria de Abastecimento da Petrobras. Costa já admitiu à Justiça que cometeu crimes de corrupção e se dispôs a devolver R$ 70 milhões que amealhou com propina.

 

O então parlamentar mato-grossense teria liderado movimento para promover o trancamento de pauta do Congresso Nacional para pressionar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a nomear Costa.

 

Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, em decorrência de delação premiada firmada com o Ministério Público Federal (MPF), o doleiro Alberto Youssef revelou que o Congresso Nacional decidiu trancar a pauta de votação diante da resistência de Lula em nomear o servidor de carreira da Petrobras, Paulo Roberto Costa, para a diretoria de abastecimento.

 

Com dificuldades de gestão ao não ter projetos de seu interesse aprovados no Congresso Nacional, Lula cedeu à pressão dos parlamentares e nomeou Paulo Roberto Costa para a diretoria de abastecimento da Petrobras.

 

Ali, conforme as investigações da Polícia Federal na Operação Lava Jato, começou a montagem de um esquema de corrupção que movimentou ilegalmente até R$ 10 bilhões.

 

O dinheiro desviado por meio de superfaturamento de contratos com empreiteiras abastecia caixa 2 de campanha eleitoral, pagava propina a senadores e deputados federais e promovia o enriquecimento ilícito de diretores da autarquia estatal.

 

Somente a obra da refinaria Abreu e Lima em Pernambuco saltou de R$ 2 bilhões para R$ 20 bilhões. Os indícios são de que a obra recebeu aditivos para que posteriormente dinheiro público fosse desviado em favor de políticos.

 

De acordo com Alberto Youssef, os parlamentares e ex-parlamentares do PP recebiam repasses mensais entre R$ 30 mil e R$ 150 mil da "cota" da legenda no esquema de corrupção que atuava dentro da Petrobras.

 

O PP é o partido que mais detém políticos que serão investigados em inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Um dos suspeitos de cometer ilícitos é o presidente nacional do partido, o senador Ciro Nogueira (PI).

 

O esquema de desvio de dinheiro da Petrobras, conhecido como “escândalo do Petrolão”, é considerado o mais grave da história da República brasileira.

 

Investigações da Polícia Federal estimam que o montante desviado pode atingir até R$ 88 bilhões. Dos 81 senadores, 12 são alvos de investigação, dos quais se incluem o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-presidente da República e atual senador por Alagoas, Fernando Collor de Mello (PTB), e o ex-líder do movimento estudantil na década de 90, o petista Lindbergh Farias, senador pelo Rio de Janeiro.

 

Outro investigado também é o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), e os ex-ministros de Estado Mário Negromonte (Cidades), Antônio Palocci (Fazenda e Casa Civil), Edison Lobão (Minas e Energia), a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney, e os atuais governadores do Rio de Janeiro e Acre, Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Tião Viana (PT), respectivamente, estes últimos com as investigações conduzidas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).