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No Amazonas, nove municípios têm alta incidência de crack, aponta estudo

Atalaia do Norte, Carauari, Tefé, Coari, Lábrea, Novo Aripuanã, Careiro da Várzea, Fonte Boa, e Alvarães registram alto uso da droga.

Data: Quinta-feira, 19/02/2015 00:00

 

Droga circula em 48 municípios do Amazonas, segundo o estudoFoto: Reinaldo Okita

Manaus - Pelo menos nove dos 62 municípios do Amazonas têm alto nível de problemas relacionados à incidência de crack, a droga ilícita que, segundo os especialistas, mata um em cada três usuários, em média, após cinco anos de uso contínuo. O estudo foi feito pelo Observatório do Crack, Organização Não Governamental (ONG) que reúne pesquisadores da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), com base em dados do Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem).


Os municípios com alto nível de problemas somam uma população de aproximadamente 300 mil pessoas, algo em torno de 10% da população do Amazonas: Atalaia do Norte, Carauari, Tefé, Coari, Lábrea, Novo Aripuanã, Careiro da Várzea, Fonte Boa, e Alvarães. De acordo com pesquisa, 48 municípios têm circulação da droga.


Conforme o Observatório do Crack, em reportagem publicada pelo jornal ‘O Globo’, o principal programa de combate e prevenção ao uso de drogas do governo Dilma Rousseff, o ‘Crack, é Possível Vencer’, alcançou apenas três das 18 metas estabelecidas para seus primeiros três anos e só atende a 2,2% dos municípios brasileiros. Segundo o estudo, o programa federal priorizou as cidades com mais de 200 mil habitantes, deixando de lado as de pequeno e médio portes - as mais comuns do País. O trabalho também ressalta a interiorização da droga, o surgimento das cracolândias fora de metrópoles e um atendimento limitado na rede pública de saúde.


Dos R$ 4 bilhões anunciados por Dilma, em 2011, para atender ao ‘Crack, é Possível Vencer’, só a metade foi efetivamente executada. O governo empenhou R$ 3,5 bilhões do programa, mas pagou apenas R$ 1,9 bilhão. Dos 308 consultórios de rua previstos para estar funcionando até dezembro, só 123 entraram em atividade. Já dos 175 Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas 24 horas, só 59 existem. Por fim, dos 3.600 leitos especializados prometidos, existem apenas 800.


De acordo com a ONG, apenas 144 cidades do Pais têm mais de 200 mil habitantes e estão aptas a usufruir de todas as ações do programa. Desse total, 121 assinaram parceria, mas pelo menos 21 ainda não receberam verbas. O Ceará é o Estado com mais cidades à espera: 90. ‘O Crack, é Possível Vencer’ foi lançado pela presidente como uma aposta contra a epidemia da droga. As três metas atingidas foram: capacitação de profissionais de psiquiatria, aumento do efetivo da Polícia Rodoviária Federal e criação de vagas em residências em saúde.


Para a pesquisadora Mariana Barreto, que enviou questionários a 5.563 municípios e recolheu respostas de 3.950 deles, o programa mostra fragilidade ao não contemplar cidades menores. Um total de 98% dos municípios pesquisados tiveram ocorrências com crack. “O governo impôs uma política pública sem que ela fosse discutida e sem conhecer a realidade das cidades. É como se o problema não existisse nesses locais”.


O ministério defende o programa e destaca que “existem diversas ações dentro das políticas públicas de saúde que contemplam os municípios”.