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NOTÍCIA

Paraguai quintuplica importações de agrotóxicos para agricultura

Data: Quarta-feira, 18/02/2015 00:00
Fonte: EFE - Agencia EFE

O Paraguai quintuplicou a importação de agrotóxicos e herbicidas entre 2009 e 2013, produtos usados especialmente nas plantações de soja e milho do país, informou nesta terça-feira a organização Base Investigações Sociais (Base Is).


Assunção, 17 fev (EFE).- O Paraguai quintuplicou a importação de agrotóxicos e herbicidas entre 2009 e 2013, produtos usados especialmente nas plantações de soja e milho do país, informou nesta terça-feira a organização Base Investigações Sociais (Base Is).


Em apenas cinco anos, os produtores paraguaias aumentaram de 8,8 milhões de quilos para 43,8 milhões de quilos de agroquímicos adquiridos. Há dois anos, entraram no país 32 milhões de quilos de herbicidas frente a apenas 6 milhões de quilos em 2009.


A Federação Nacional Camponesa (FNC), a maior organização de trabalhadores rurais do país, realizou várias mobilizações para exigir a fiscalização da aplicação dos pesticidas, especialmente nas plantações de soja.


De acordo com a FNC, são utilizados a cada ano no Paraguai cerca de 60 milhões de litros de agroquímicos nos 3 milhões de hectares destinados às duas safras de soja produzidas pelo país.


A Base IS considera que a “aresta principal do conflito agrário” paraguaio é “os problemas em relação às fumigações maciças e suas consequências”.


“Existe uma estrutura econômica excludente no país, que ao mesmo tempo em que estende certas atividades como a pecuária e a soja mecanizada, deixa os pequenos agricultores e os indígenas, sem terras e possibilidade de gerar seus alimentos”, acrescentou em comunicado.
A expansão da fronteira agrícola e da monocultura de milho e soja na rica região leste do Paraguai fez com que, em 10 anos, 900 mil trabalhadores rurais abandonasse o campo caminho à capital pela menor demanda de mão de obra, segundo a FNC.


A partir da próxima segunda-feira e até o dia 6 de março, o Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (DESC) das Nações Unidas examinará em Genebra (Suíça) a segurança alimentar no Paraguai.


A Base Is pediu em um relatório enviado ao Comitê da ONU que o governo paraguaio assuma “uma postura clara” sobre programas estratégicos para proteger o direito à alimentação.


Além disso, ressaltou a necessidade de uma reforma agrária, já que o Paraguai é um dos países a maior concentração de terras no mundo.


Segundo a ONG Oxfam, 1,6 % dos proprietários detêm 80 % das terras agrícolas e destinadas à pecuária do país, enquanto 42 % dos habitantes vivem no campo.


No ano passado, trabalhadores rurais do assentamento Húber Duré, a 330 quilômetros de Assunção, denunciaram a morte de duas meninas, que atribuíram a uma intoxicação com pesticidas. Advertiram também que uns 400 animais morreram de maneira repentina.


Os camponeses apresentaram uma denúncia na procuradoria da cidade de Curuguaty para que as causas das mortes sejam verificadas, mas as investigações pouco avançaram.


Paraguai é atualmente o quarto exportador mundial de soja, setor que junto à pecuária é a principal receita do Produto Interno Bruto (PIB) do país.


A União Europeia recebeu 39 % da produção da soja produzida no país em 2013, segundo Câmara Paraguaia de Exportadores de Cereais e Oleaginosas (Capeco). EFE