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NOTÍCIA

Justiça Federal decreta quebra do sigilo fiscal e bancário de José Dirceu

Procuradores identificaram que empresa de Dirceu recebeu quase R$ 4 milhões de três empresas investigadas na Operação Lava Jato.

Data: Sexta-feira, 23/01/2015 00:00
Fonte: G1. Globo/ Bom Dia Brasil

 

A Justiça Federal decretou a quebra do sigilo fiscal e bancário do ex-ministro José Dirceu. A empresa dele recebeu quase R$ 4 milhões de empresas investigadas na Operação Lava Jato.


Três empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato transferiram dinheiro para a JD Consultoria, empresa do ex-ministro José Dirceu e do irmão dele. Os procuradores identificaram as operações ao analisar documentos da Receita Federal.


De julho de 2009 a dezembro de 2011 a JD recebeu em média R$ 25 mil por mês da Galvão Engenharia por serviços de consultoria. O total recebido foi de R$ 725 mil. Da construtora OAS, a JD recebeu em média R$ 30 mil por mês entre janeiro de 2010 e dezembro de 2011.  No total, R$ 720 mil.


A UTC engenharia pagou a empresa do ex-ministro José Dirceu R$ 1,377 mil em um só ano - 2012 e outros R$ 939 mil em 2013. Executivos de três empreiteiras estão presos na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.


No período em que ocorreram as transferências, José Dirceu não tinha cargo público. Ele deixou a chefia da Casa Civil do governo Lula e teve o mandato de deputado cassado em 2005. Dirceu foi condenado no mensalão do PT. No julgamento, o Supremo Tribunal Federal entendeu que o esquema de corrupção foi usado para comprar apoio de parlamentares no Congresso.


Segundo a defesa de um dos presos da Operação Lava Jato, o esquema montado dentro da Petrobras tinha o mesmo objetivo. Em um documento encaminhado à Justiça, os advogados do vice-presidente da Engevix, Gerson Almada, dizem que a estatal foi usada para distribuir cargos e dinheiro para aliados do governo.


Em uma petição enviada à Justiça Federal do Paraná, o advogado de Gerson diz que: "o pragmatismo nas relações políticas chegou, no entanto, a tal dimensão que o apoio no Congresso Nacional passou a depender da distribuição de recursos a parlamentares.”


Em outro trecho o advogado afirma que: "não por coincidência, a antes lucrativa sociedade por ações, Petrobras, foi escolhida para geração desses montantes necessários à compra da base aliada do governo e aos cofres das agremiações partidárias.”


No documento, o advogado nega que as empresas investigadas na Lava Jato tenham formado uma organização criminosa. Diz que, ao contrário, elas foram vítimas de achaques de então diretores da Petrobras. Na petição, a defesa do executivo da Engevix pede a anulação das provas levantadas até agora. O pedido ainda vai ser analisado pela Justiça.


A assessoria do ex-ministro José Dirceu disse que ele prestou serviços de consultoria às três empresas conforme contrato entre as partes. E que ele está à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos.


A UTC Engenharia disse que contratou José Dirceu para consultorias em negócios no Peru e na Espanha.


A Galvão Engenharia não se pronunciou e a construtora OAS não atendeu as ligações.


O Palácio do Planalto não quis comentar a denúncia do advogado de Gerson Almada, de que o dinheiro desviado da Petrobras seria para pagar apoio da base aliada do governo.


Outro réu da Operação Lava Jato, Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da Mendes Júnior, foi internado nesta quinta-feira (22) pela segunda vez em Curitiba. Ele deve passar por cirurgia nesta sexta-feira (23) para a retirada de um cálculo renal.