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NOTÍCIA

Ministro pedir voto em eleição na Câmara é 'normal', diz líder do governo

PMDB critica intervenção do Executivo em disputa pelo comando da Casa. Fontana criticou fala de Cunha de que disputa pode gerar 'sequelas'.

Data: Quinta-feira, 22/01/2015 00:00
Fonte: Nathalia Passarinho e Fernanda Calgaro Do G1, em Brasília

 

Henrique Fontana concede entrevista coletiva a jornalistas na Câmara dos Deputados (Foto: Fernanda Calgado / G1)Henrique Fontana concede entrevista coletiva a jornalistas na Câmara (Foto: Fernanda Calgaro/ G1)

O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), defendeu nesta quarta-feira (21) a intervenção de ministros do governo na eleição para presidente da Casa legislativa. Para Fontana, é “normal” que ministros peçam votos para seus candidatos. Estão na disputa o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ) e os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Júlio Delgado (PSB-MG) 


O PMDB critica a atuação do governo na eleição da Câmara e acusa o Planalto de oferecer cargos em troca de apoio a Chinaglia. "De repente, o ministro X, não vou dar um nome qualquer, do PMDB, telefonou para fulano de tal e pediu apoio para fulano de tal. (...) O ministro está interferindo? Nada disso, normal. O ministro está pedindo voto para o candidato do partido dele", disse Fontana.


Questionado se ministros petistas têm pedido votos para a campanha de Chinaglia, respondeu: “Eu posso dizer que eu estou pedindo votos para o Arlindo.”



“Eu entendo que há um processo democrático de disputa e diferentes atores políticos, como é normal, porque imagina, estamos elegendo o terceiro cargo da República. A República toda participa. (...) Muitos interesses se movem em uma eleição para presidência da Câmara, de governadores e prefeitos, todos os líderes,” completou o deputado do PT.



Henrique Fontana disse ainda "ter convicção" de que o governo não estaria negociando cargos em troca de apoio a Chinaglia. ““Eu tenho convicção de que não. Mas não sou eu que nego ou não nego o que o Pepe Vargas [ministro de Relações Institucionais] está falando. Eu que já fiz provavelmente mais de dezenas de ligações, talvez tenha ultrapassado a centena, posso dizer por mim. Eu não ofertei nenhum cargo, posso falar por mim.”



O líder do governo também criticou a declaração de Eduardo Cunha de que a disputa pela presidência da Câmara poderá gerar “sequelas”, abalando a governabilidade no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.


“Ameaçar com sequela não é nada democrático. Temos que criar um clima sem sequela pós-eleitoral. [...] Eduardo tem que entender que se perder a eleição terá sido por uma decisão política”, afirmou.


Gravação
Em entrevistas, Eduardo Cunha afirma estar sendo vítima de “alopragem” por adversários. Nesta terça (20), ele convocou a imprensa para dizer que foi alvo de uma gravação “falsa” supostamente elaborada pela cúpula da Polícia Federal com a intenção de prejudicar sua candidatura.


Henrique Fontana acusou o parlamentar do PMDB de “politizar” em cima de uma denúncia que deveria ser apenas encaminhada para investigação. “Chamar a imprensa para acusar o governo e a PF de interferir no resultado da eleição é inaceitável. Acho um erro trazer um assunto como esse para o centro da disputa.”