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NOTÍCIA

Prestes a deixar cargo, Geller destaca avanço na agricultura e fala de prisões

Ministro da Agricultura será substituído por Kátia Abreu na próxima semana. A prisão de dois irmãos dele teria sido um equívoco, conforme Neri Geller.

Data: Quinta-feira, 25/12/2014 00:00
Fonte: Pollyana Araújo Do G1 MT
 Ministro da Agricultura, Neri Geller, diz ter saído fortalecido no Congresso Nacional após operação
(Foto: Josi Pettengill / Secom-MT)

Os últimos dias de Neri Geller à frente do Ministério da Agricultura foram turbulentos por causa da prisão dos irmãos dele, Milton e Odair Geller, durante a Operação Terra Prometida, da Polícia Federal. No entanto, ele disse ter saído fortalecido dessa situação após ser alvo de uma série de questionamentos acerca de um assentamento rural destinado à reforma agrária, em Itanhangá, a 447 km de Cuiabá, que teria sido ocupado irregularmente por grandes fazendeiros, entre eles os irmãos dele. Geller também foi citado no inquérito da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF), mas não está entre os investigados.


Além de alegar que a operação não o abalou, Geller citou vários avanços no setor da agricultura no período em que esteve no cargo de ministro e quando era secretário de Política Agrícola do órgão. "Essa operação não me abalou nenhum pouquinho. Fui ao Congresso Nacional quando a maioria falava que não deveria ir, fui aplaudido de pé porque não devo nada", declarou, por telefone, nesta quinta-feira (25).

 

Na próxima semana, o cargo de Neri Geller deverá ser ocupado pela senadora Kátia Abreu, do Tocantins. Por enquanto, ainda não há definição sobre o futuro do ministro mato-grossense após deixar o comando do órgão. Ele disse que vai tirar férias de cerca de 20 dias no mês que vem e, em janeiro, vai decidir o que irá fazer. Existe a possibilidade de que continue no governo, porém, em outra função. Geller é agricultor na região de Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá, e estava no comando do Ministério desde março deste ano.


Antes de deixar o governo, o ministro contou que irá se reunir com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para as últimas ações, entre elas a assinatura de convênios. O trabalho foi intenso nos últimos dois anos, segundo ele. "Foram dois anos de trabalho intenso. Vou descansar um pouco em janeiro e em fevereiro eu decido. Vou deixar um legado importante para o país", disse, ao se referir aos programas de crédito ampliados durante a gestão dele. 


Um dos programas destacados por ele é o PCA (Programa de Construção e Ampliação de Armazéns) que viabiliza a construção de armazéns por meio de de linhas de crédito com juros baixos. A linha de crédito foi criada para minimizar a defasagem do armazenamento de grãos no país. Conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Mato Grosso tem capacidade de armazenar 30 milhões de toneladas de grãos, mas apenas as produções de soja e milho da segunda safra somam mais de 42 milhões de toneladas, ou seja, falta espaço para armazenar a produção.


O orçamento do Ministério também cresceu nos últimos anos, como enfatiza Geller. "No ano passado, era de R$ 116 bilhões e, neste ano, aumentou para R$ 136 bilhões e no ano que vem serão R$ 156 bilhões", informou.


Outro programa que ajuda o produtor rural, citado por Geller, é o 'Moderfrota'. O programa possui linhas de crédito específicas para a compra de máquinas agrícolas, com taxas de juros de 4,5% - na comrpra no valor de R$ 90 milhões ou mais - e de 6% para financiamentos de outro valor. "Esse programa foi reativado e é uma grande conquista para nós", enfatizou.


Logística
Apesar dos avanços, a falta de logística de transporte ainda é um dos problemas enfrentados para escoar os grãos. A redução do custo de transporte, agrega valor ao produto. Somente pela BR-163 devem ser transportados cerca de 6 milhões de toneladas de grãos e uma das alternativas para facilitar o escoamento da safra é a duplicação da rodovia em Mato Grosso e a conclusão da obra, até Santarém (PA). Outra alternativa é a BR-242 que passa em Mato Grosso, seguindo por Goiás, até o Porto de Itaqui, no Maranhão.


Obras de melhoria e duplicação da BR-163 estão sendo executadas pela Odebrecht Infraestrutura, empresa contratada para executar o projeto. A previsão é que a duplicação seja concluída nos próximos cinco anos.


Odair e Milton Geller (Foto: Renê Dióz / G1)
Odair e Milton Geller foram presos suspeitos de
integrar esquema (Foto: Renê Dióz / G1)

'Terra Prometida'
Investigados pela Polícia Federal e Ministério Público Federal (MPF), os irmãos de Neri Geller e outras 32 pessoas foram presas no dia 28 do mês passado, entre elas servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e políticos, por suspeita de integrar um esquema de grilagem de terras por meio de ameaças às famílias beneficiadas com as áreas da União.


Após uma semana presos no Centro de Custódia de Cuiabá, Milton e Odair deixaram a prisão. Eles foram beneficiados com um habeas corpus obtido pelo advogado de um produtor rural de Itanhangá. A decisão favorável ao fazendeiro se estendeu aos demais presos e todos que tinham sido detidos durante a operação foram soltos.


A venda de lotes, nesses casos, não é algo anormal, de acordo com o ministro. Ele citou, como exemplo, o caso de Lucas do Rio Verde. O assentamento que sete anos mais tarde se tornou cidade surgiu em 1981. Segundo Geller, dos 248 assentados na terra, só seis eram originários e o restante teria chegado ao local depois. O mesmo, conforme ele, deve estar ocorrendo no assentamento rural em Itanhangá.


"Cerca de 70% das pessoas que estão ali são pessoas de bem. É um equívoco o que estpa acontecendo", pontuou. Segundo ele, a prisão dos irmãos são trabalhadores.