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NOTÍCIA

PF realizou 17 operações neste ano

Apesar da Polícia Federal do Estado ser considerada a mais produtiva do País, Mato Grosso tem dificuldade em quantidade de policiais efetivos

Data: Sábado, 20/12/2014 00:00
Fonte: Diário de Cuiabá/ ALLINE MARQUES

O superintendente da Polícia Federal Marcos Antônio Farias revela que 340 pessoas foram presas em 17 operações neste ano


 

A Superintendência da Polícia Federal de Mato Grosso é a mais produtiva do país. Somente este ano, a unidade realizou 17 operações totalizando 340 pessoas presas. A maior delas foi a Terra Prometida, deflagrada no dia 27 de novembro para investigar um esquema de invasão e exploração ilegal de terras da União destinadas à reforma agrária no projeto de assentamento Itanhangá (localizado no município de mesmo nome, a 447 km de Cuiabá).


A Terra Prometida ainda está em diligência, tanto que esta semana mais um mandado de prisão, dos 52 expedidos, foi cumprido durante uma audiência pública na Assembleia Legislativa. O vereador Silvestre Caminski foi levado por agentes após discursar na reunião que tinha como objetivo discutir justamente a Operação.


Outra Operação que ainda pode ter novos desdobramentos é a Ararath, que começou no ano passado e foi dividida em partes, estando já na sexta etapa. No entanto, em entrevista exclusiva ao Diário, o superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, Marcos Antônio Farias, não revela nada sobre a operação que investiga um esquema de lavagem de dinheiro que envolve políticos e serviria para financiar campanhas.


Farias diz não ter o balanço das apreensões na Ararath e explica que a demora na investigação deve-se à complexidade do esquema, além da questão das perícias, que são demoradas. O trabalho é feito em conjunto com os ministérios públicos Federal e Estadual. Alguns inquéritos já foram concluídos e os MPs até já ofereceram a denúncia e propuseram ação.


O superintendente destaca ainda que apesar da alta produtividade da instituição, no Estado há dificuldade de efetivo. Por questão de segurança, o número de policiais não é divulgado, mas ele adianta que ainda é insuficiente e um dos problemas é que a maioria dos agentes acaba não ficando no Estado, pois pede transferência.


Apesar do foco da mídia na operação Ararath devido ao envolvimento de políticos como o governador Silval Barbosa (PMDB), senador Blairo Maggi (PR) e o deputado José Riva (PSD), além do ex-secretário de estadual Eder Moraes, outras ações da PF foram muito maiores este ano, só que sem tanto destaque na imprensa, como as operações Arcanjo, em que houve 33 prisões, e a Madrinha, com 25 presos. Ambas são relacionadas ao combate ao tráfico de drogas.


O superintendente explica que as ações voltadas para o combate às drogas são as principais em Mato Grosso, isto porque além dos mais de 700 quilômetros de fronteira com países produtores o Estado serve também de passagem. Farias ressalta que até mesmo quando as operações são conduzidas pelas polícias federais de outros estados Mato Grosso sempre está envolvido com cumprimento de mandados tanto de prisão quanto de busca e apreensão.


Por outro lado, apesar deste fluxo intenso de drogas em Mato Grosso, o posto da PF no aeroporto registra poucas apreensões, pois não é comum as “mulas” transportarem a droga desta forma no Estado.


Além do tráfico, o segundo crime mais investigado pela Polícia Federal é o de corrupção e desvio de dinheiro público. Além da Ararath, este ano houve a operação Dr. Lao, que resultou na prisão de seis servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acusados de desviar recursos públicos por meio do uso irregular de Cartões de Pagamento do governo federal. O grupo teria movimentado cerca de R$ 1,3 milhão.


Outra ação que envolve lavagem de dinheiro foi a operação Assombro que prendeu dois advogados acusados de desviar recursos de instituição financeira do Instituto de Previdência Complementar do extinto Banco do Estado do Mato Grosso (Bemat). Eles já haviam sido indiciados pela PF e denunciados em ação penal pelo crime de gestão fraudulenta de instituição financeira, diante de desvio superior a R$ 12 milhões.


O terceiro principal crime combatido pela PF em Mato Grosso é o ambiental como extravio de madeiras ilegal e desmatamento, além da grilagem de terras. A operação Kalupsis foi uma das que foram deflagradas este ano, tendo cumprido 67 mandados de busca e apreensão, 28 de condução coercitiva e nove de prisão. A PF identificou que madeireiras, vizinhas à reserva indígena Aripuanã, contratavam pessoas que atuavam dentro da reserva extraindo madeira. Posteriormente, donos de terras de manejo, que são autorizados legalmente a extrair madeira de terras determinadas pelas autoridades ambientais, transferiam créditos florestais fictícios e fraudulentos, “esquentando” o que foi extraído ilegalmente. A madeira era direcionada à indústria moveleira. Há suspeita de envolvimento de lideranças indígenas no esquema criminoso.


Apesar da avaliação positiva, que sempre coloca a Superintendência da PF de MT no topo do ranking, que leva em consideração diversos critérios, Farias ressalta que para 2015 buscará ampliar o efetivo, buscar mais recursos e renovar a frota. Medidas que servirão para incrementar as atividades operacionais.


O superintendente ressalta que o leilão realizado pela instituição recentemente superou as expectativas de arrecadação. Com a venda de veículos, a PF conseguiu o montante de R$ 1,398 milhão e utilizará a verba para aquisição da nova frota. Ele informou ainda que já possui os recursos para a reforma do prédio da Superintendência da PF em Cuiabá, localizado na Avenida do CPA.