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NOTÍCIA

Analista diz que Taques herdará "problemas difíceis" de Silval

Analista Lourembergue Alves acredita que, se não tomar cuidado, governador eleito pode "herdar" desgaste

Data: Segunda-feira, 08/12/2014 00:00
Fonte: DOUGLAS TRIELLI/ MIDIA NEWS

O professor universitário, e analista político, Lourembergue Alves afirmou que o governador eleito, Pedro Taques (PDT), irá “herdar” uma série de problemas da gestão Silval Barbosa (PMDB), que serão “complicados” de se resolverem no primeiro ano.


Entre os principais entraves estão as obras inacabadas da Copa do Mundo em Cuiabá e o desequilíbrio econômico.


“Os problemas que ele vai herdar não são problemas fáceis de serem resolvidos. Esse desequilíbrio das contas públicas é claro. Embora, em muitos momentos o Silval tenha feito repasses a mais aos Poderes, há um desequilíbrio das contas. Não é só em Mato Grosso, é no país todo, mas aqui é alto esse desequilíbrio”, disse.


"Os problemas que ele vai herdar não são problemas fáceis de serem resolvidos. Esse desequilíbrio das contas públicas é claro"


Mesmo com Silval negando o déficit financeiro e afirmando que suas realizações serão reconhecidas pela história, Lourembergue acredita que o peemedebista “pecou” na execução de sua gestão.


“De fato, da década de 40, até hoje, foi o único momento em que tivemos ao mesmo tempo um número grande de obras sendo feitas em Cuiabá. Nesse sentido, o Silval está correto. Mas ele pecou na falta de planejamento e organização de todas essas obras”, afirmou.


“Ele não planejou as obras, por isso os constantes atrasos, obras inacabadas e muitas com qualidade duvidosa. E esse conjunto de obras sem qualidade é um grande problema que o Pedro Taques vai herdar”, completou.


Segundo o professor, caso Taques não consiga concluir as obras deixadas por Silval, pode herdar, também, os desgastes do governador do PMDB.


“Em uma recente pesquisa da Gazeta Dados, mais de 50% disseram esperar que Taques termine as obras deixadas por Silval. Isso significa dizer que o governador não vai poder deixar de fazer isso, sob o risco de muitas das consequências das obras inacabadas caírem em seus ombros”, avaliou.


Mudanças no Governo

"Ele não planejou as obras, por isso muitas com qualidade duvidosa. E esse conjunto de obras sem qualidade é um grande problema que o Taques vai herdar" Para Lourembergue Alves, Taques deve focar em mudar os incentivos fiscais.


Ele entende que o modelo de incentivo implantado por Silval está “errado” e não atende as necessidades da sociedade.


“Para ele resolver a questão das atividades econômicas, é preciso estimular os incentivos fiscais. Em minha opinião, esses incentivos não estão sendo trabalhados de forma correta. Gerar emprego não é contrapartida. Quando o governador pede apenas emprego de contrapartida, está sendo advogado do empresário”, disse.


“Se você montar uma fabriqueta no fundo de casa, terá que empregar alguém. O emprego é uma necessidade do empresário e por conta disso não pode ser contrapartida. A contrapartida é adoção de um órgão público. Por exemplo, colocar uma empresa para adotar determinadas escolas, mantendo elas”, explicou.


Outro foco de mudança são as principais atividades econômicas de Mato Grosso. Para Lourembergue, é preciso deixar de focar apenas no agronegócio.


“É preciso que Mato Grosso comece a trazer alternativas de atividades econômicas. Não apenas matéria-prima, como soja, algodão, milho. Isso nós já temos, mas não basta. É preciso que existam outras atividades. O Estado precisa ser visto por regiões políticas, para que se estimule a atividade de cada área”, disse.


Promessas de campanha
"Não é tarefa fácil, mas pode ser facilitada se ele tiver dentro da Assembleia um conjunto de parlamentares atentos a essas questões todas"


Além dos problemas estruturais e financeiros deixados por Silval, o futuro governador ainda terá que se preocupar em cumprir suas promessas de campanha.


“Diria que é muito difícil resolver todos esses problemas, porque não são fáceis, e não serão no primeiro ano ou no segundo. Sobretudo quando você percebe que o governador vai herdar, ainda, uma folha de pagamento que ultrapassa o permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal”, disse.


“Porque ele precisa, por exemplo, contratar policial, professores, médicos, uma série de pessoas que são importantes e necessárias para o andamento do Estado. E para isso precisa mexer na folha de pagamento e a reduzir a máquina”, afirmou.


Para Lourembergue, uma das formas de se “facilitar” esse processo de mudanças, seria garantindo sua governabilidade. Para isso, segundo ele, é preciso ter uma Assembleia Legislativa forte e atuante.


“Não é tarefa fácil, mas pode ser facilitada se ele tiver dentro da Assembleia um conjunto de parlamentares atentos a essas questões todas, independente da origem partidária”, disse.


“Outro fator é pegar uma sociedade atenta, que cobra, que ao mesmo tempo reivindica. Parece utópico, mas se ele pegar esse cenário, a tarefa de resolver esses problemas pode ficar mais fácil”, concluiu o analista.