O ginecologista congolês Denis Mukwege discursa após receber o prêmio Sakharov à Liberdade de Consciência, concedido pelo Parlamento Europeu (Vincent Kessler/Reuters)
“O corpo das mulheres se transformou em um verdadeiro campo de batalha e o estupro está sendo usado como uma arma de guerra”, denunciou o ginecologista Denis Mukwege ao receber nesta quarta-feira o prêmio Sakharov à liberdade de consciência, concedido pelo Parlamento Europeu. "Obrigado por reconhecer com este prêmio o sofrimento e a dignidade das mulheres e crianças congolesas e o valor que elas representam", disse o médico da República Democrática do Congo.
Em seu discurso, o médico afirmou que a premiação “atrai a atenção do mundo para a necessidade de proteger as mulheres durante conflitos armados”. Advertiu, no entanto, que não terá nenhum efeito para as vítimas se não houver um chamado conjunto à paz, à justiça e à democracia. "Este prêmio só será relevante para as mulheres vítimas de violência se os senhores nos acompanharem no caminho rumo à dignidade", disse aos eurodeputados. “Juntos – políticos, sociedade civil, cidadãos, homens e mulheres – temos de traçar uma linha vermelha contra o uso do estupro como arma de guerra”.
O presidente do Parlamento, Martin Schulz, destacou que Mukwege ajudou "milhares de mulheres e crianças a curar seus corpos e almas". O ginecologista de 59 anos fundou um hospital em 1998 em Bukavu, capital da província de Kivu do Sul, uma das regiões onde mais ocorrem ataques de grupos armados contra a população civil. Ainda hoje ele trata vítimas de violência sexual que sofreram ferimentos graves.
O prêmio em homenagem ao cientista e dissidente soviético Andrei Sakharov, foi criado em 1988 pelo Parlamento Europeu para prestar homenagem a pessoas ou organizações que dedicaram suas vidas ou ações à defesa dos direitos humanos e das liberdades. No ano passado, a premiada foi a jovem paquistanesa Malala Yousafzai, militante pela educação das meninas.
(Com agência EFE)