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NOTÍCIA

Parada do Orgulho LGBT termina mais cedo após furtos na orla de Copacabana

Data: Segunda-feira, 17/11/2014 00:00
Fonte: Reportagem Isabela Borges/ O DIA


Rio – Os gritos de milhares de vozes por igualdade, respeito e paz, que deram o tom da 19ª Parada do Orgulho LGBT, domingo, em Copacabana, não impediram a ação de assaltantes ao final do evento. Camuflados em meio ao colorido das fantasias e bandeiras, criminosos agiram livremente, impondo o medo e levando dezenas de vítimas de furtos e roubos às delegacias do bairro. Após um arrastão orquestrado, a organização do evento antecipou o fim da Parada, por volta das 18h. Focos de tumultos também foram registrados nos acessos às estações do metrô mais próximas.



Arrastões e confusões fizeram os organizadores do evento encerrar a 19ª edição da Parada mais cedo. Foto:  Levy Ribeiro / Parceiros / Agência O Dia


Contudo, para a maioria do público, a Parada foi considerada um sucesso. Neste ano, a megaconfraternização contou com a distribuição de 200 mil preservativos masculinos e 5 mil femininos, além de 100 mil unidades de gel lubrificante. Outro serviço gratuito que chamou a atenção foi a realização de testes de doenças, como hepatite e Aids. Vacinas de algumas doenças sexualmente transmitidas também foram oferecidas.

 

Mas eram as fantasias que encantavam aqueles que passavam por lá e melhor retratavam a euforia coletiva. A drag queen Juju Maravilha homenageou a cantora Carmen Miranda. “O movimento é importante por celebrar conquistas para a comunidade LGBT. Mas ainda sonho com o dia em que os agressores sejam punidos de forma exemplar”, desabafou.



Durante todo o desfile da Parada foram registrados confusões e tentativas de furtos

Foto:  Levy Ribeiro / Parceiros / Agência O Dia


O casal Marcelo Soledad e Robson Figueredo, ambos de 30 anos, escolheram a dupla de super-heróis Lanterna Verde e Capitão América para aproveitar. “Este movimento não pode se resumir à festa. Existe um cunho político-ideológico importante”, acredita Robson.


No alto do trio elétrico, parlamentares e celebridades pediam por mais leis em defesa da classe. Para o deputado estadual Carlos Minc (PT), o conservadorismo não pode reger a política. “Os argumentos religiosos não podem pautar o Legislativo. O conceito de família é muito mais amplo do que o casamento entre homens e mulheres. O Rio, como cidade pioneira nos direitos do público LGBT, tinha que sediar uma festa como esta”, repetia o deputado.


E num universo dedicado ao amor livre de preconceitos, não foi apenas o público gay que aproveitou a tarde de sol ameno, embalada pela música alta. A dentista Sandra Aguiar, 26, é heterossexual e comparece há três anos ao evento. “A festa carioca é dedicada ao respeito. Portanto, me sinto convidada e superbem recebida”, afirmou.



Parada do Orgulho LGBT leva multidão à orla de Copacabana neste domingo. Prefeitura monta esquema especial de trânsito e transportes, que será mantido até o fim do evento

Foto:  Foto: Levy Ribeiro / Parceiros / Agência O Dia


Assaltos no evento lotam delegacia

Finalizada a Parada Gay — como é popularmente conhecido o evento — a cena vista em frente à 12ª DP (Copacabana) pouco lembrava o clima pacífico em que transcorreu boa parte do evento. Dezenas de pessoas se amontoavam na expectativa de registrar furtos e roubos. Pelo menos dois menores foram levados à delegacia e vinte maiores foram presos em flagrante por roubos. Em nota, a assessoria da Polícia Civil informou que não disponibilizaria o número final de ocorrências.


No entanto, a Polícia Militar, que montou um esquema especial de segurança, conduziu 72 suspeitos para a 12ª DP. Do total de detidos, 22 prestaram depoimentos e foram liberados. As cenas de violência ocorreram mesmo com o efetivo de segurança particular contratado pela direção do evento. A idade das vítimas, aliás, dificultava o trabalho dos policiais e o fechamento dos números. Por serem, em grande parte, menores de idade, muitos se recusavam a dar entrevistas e desistiam dos registros após verem a longa fila que provocava espera de até três horas.


“Como posso registrar? Minha mãe sequer sabe que estou aqui em Copacabana. Não sei como vou voltar para casa, já que tive ‘tudo roubado’”, disse um jovem de 16 anos que preferiu não se identificar.


O comentário geral, no entanto, dava conta de que os ‘tradicionais’ arrastões dos domingos de sol no Arpoador haviam trocado de endereço na tarde de domingo. “São os mesmos de sempre, com a velha tática de puxar tudo aquilo que reluz”, contou outra vítima de furto.