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NOTÍCIA

“Acabou a era do político falastrão”, afirma Mauro Mendes

Prefeito de Cuiabá avalia seu mandato, que chega ao segundo ano, e a vitória de Pedro Taques ao Governo do Estado

Data: Domingo, 09/11/2014 00:00
Fonte: MÍDIA NEWS/ DOUGLAS TRIELLI

 

O prefeito de Cuiabá e principal líder do PSB em Mato Grosso, Mauro Mendes atribuiu a vitória do governador Pedro Taques (PDT) ao desejo da sociedade por mudanças e a boa avaliação dos eleitores de cada candidato que disputou o comando do Palácio Paiaguás.


Em entrevista exclusiva ao MidiaNews, Mendes afirmou que a campanha vitoriosa do pedetista foi a coroação do projeto oposicionista criado em 2010.


“Esse projeto começou em 2010, quando criamos o movimento Mato Grosso Muito Mais, após termos uma percepção que o caminho não estava correto, que mudanças precisavam ser feitas, sob pena do Estado e a sociedade pagar um preço caro por isso”, disse.


Para Mendes, as primeiras dificuldades de Taques, quando assumir o comando do Estado, será enfrentar os gargalos e empecilhos da administração pública.


Outro fator que deve afetar a próxima gestão, na avaliação de Mendes, é a baixa arrecadação de recursos por conta da crise financeira brasileira. Para Mendes, tanto a prefeitura, quanto o Governo do Estado, deve focar em enxugar os gastos internos para poder continuar a fazer investimentos.


O prefeito ainda afirmou que Taques deve focar, inicialmente, em formar seu secretariado ainda na fase de transição. Ele acredita que não ter feito isso quando assumiu a prefeitura foi um dos seus principais erros.


“Demorei em definir meu secretariado. Fiz uma transição, depois escolhi pessoas que não conheciam nada daquilo que foi discutido e estudado nessa transição. A pessoa sentou na cadeira e ai que começou a interagir e conhecer os meandros da secretaria. Então, o quanto antes se define, mais meses você ganha para essa preparação desse secretário”, afirmou.


Confira a seguir os principais trechos da entrevista do prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes, ao MidiaNews:


MidiaNews - Após 12 anos de poder do atual Governo, a oposição chega aos dois cargos mais importantes do Estado, com a sua vitória para a Prefeitura de Cuiabá, em 2012, e agora com o governador eleito Pedro Taques. Qual análise o senhor faz do atual cenário político?


Mauro Mendes - O que acontece hoje em Mato Grosso é fruto da falência da forma de se fazer política, uma forma que se exauriu. Cada vez mais o eleitor é exigente, cada vez mais as pessoas estão 

 

"O que acontece hoje em Mato Grosso é fruto da falência da forma de se fazer política, uma forma que se exauriu"


aprendendo a separar o político que tem conversa mole, que fala fácil, que mente muito, promete muito, daqueles que estão bem intencionados ou que já tem serviço prestado e que possam, realmente, representar uma expectativa de mudança de comportamento ao gerir um espaço público. Esse projeto começou em 2010, quando criamos, junto com Pedro Taques, Percival Muniz, Otaviano Pivetta, Eduardo Moura e muitos outros, o movimento Mato Grosso Muito Mais, que foi uma percepção que o caminho não estava correto, que mudanças precisavam ser feitas, sob pena do Estado e a sociedade pagar um preço caro por isso. Então, acredito que acabou a era do político falastrão.


MidiaNews - À época, o senhor chegou a recusar um convite para ser vice do governador Silval Barbosa...


Mauro Mendes - Com todo respeito, e sem querer ofender ninguém, mas acreditava que o caminho, naquele momento, não estava correto. A mudança é muito mais que apenas mudar alguns dos atores políticos, é uma mudança de comportamento, e eu não sentia que aquele grupo representasse isso. Por isso, contra tudo e contra todos, e com pouca estrutura e pouca chance, nós bancamos aquele projeto político de 2010. Em 2010, elegemos Pedro Taques a senador, elegemos três deputados estaduais, um federal. E em 2012, dois anos depois, elegemos o prefeito da capital do Estado, prefeito de Rondonópolis e de Lucas do rio Verde. Ou seja, três dos principais líderes daquele movimento de 2010 alçaram o poder dois anos depois. Isso mostrava que aquilo que nós vendemos, trabalhamos e pregamos em 2010 começou a colher frutos dois anos depois e todo esse projeto foi coroado agora com a eleição do senador Pedro Taques ao governo de Mato Grosso. Isso nos alegra e, ao mesmo tempo, nos coloca com uma grande responsabilidade. Minha, do Pedro, do Pivetta, do Percival, e de não frustrar a expectativa do povo mato-grossense. 


E eu como prefeito tenho me esforçado muito, só não consigo fazer milagre e nem fazer papel virar dinheiro. Agora, temos conseguido fazer dinheiro render. Os números que nós temos das nossas ações nesse um ano e 10 meses, são absolutamente bons considerando a realidade de uma prefeitura. Cuiabá tem muito pouca capacidade de investir e isso é provado pelos longos anos e os grandes passivos que viemos acumulando em várias áreas, como a de infraestrutura urbana, onde há bairros que estão há 30 anos esperando por asfalto. Existem muitas carências e nós estamos conseguindo entregar alguns resultados, maximizando os poucos recursos, direcionando os ganhos, para produzir resultado mesmo diante de um cenário de adversidade.


MidiaNews - De certa maneira, o que senhor enfrentou nesse período, pode-se dizer, que é o que o governador eleito irá enfrentar, mas em proporções diferentes. Quais serão as principais dificuldades do Taques e o que o senhor pode sugerir a ele?


Tony Ribeiro/MidiaNews

"Cada vez mais o eleitor está estão aprendendo a separar o político que tem conversa mole, daqueles que estão bem intencionados"

Mauro Mendes - Sempre serei e quero ser parceiro do Pedro Taques e acima de tudo um parceiro de Mato Grosso. Vim para a política para fazer o bem e tentar dar minha parcela de contribuição. O Pedro faz parte do mesmo grupo político e começamos juntos esse projeto. Ele tem também uma enorme responsabilidade, maior que a minha, porque ele será o governador do Estado. Então, ele vai precisar de muita ajuda e eu, com a minha experiência de quase dois anos de gestão, irei ajudar colaborando, aconselhando e orientando, para que ele não cometa alguns erros que cometi no começo da gestão. A administração pública tem muitas dificuldades, muitos gargalos, empecilhos, forças que trabalham e conspiram para que as coisas não andem. Existe uma burocracia pública que mata, emperra, atravanca, dificulta e muitas vezes ela é utilizada a serviço de alguns interesses.


MidiaNews - Qual sugestão o senhor daria neste primeiro momento?


Mauro Mendes - Escolha rapidamente os secretários e coloque eles para trabalharem o mais rápido possível. Uma boa transição é feita por secretários bem escolhidos. Eu, por exemplo, cometi esse erro. Demorei em definir meu secretariado. Fiz uma transição, depois escolhi pessoas que não conheciam nada daquilo que foi discutido e estudado na transição. A pessoa sentou na cadeira e ai que começou a interagir e conhecer os meandros da secretaria. O quanto antes se define, mais meses você ganha para essa preparação desse secretário. Porque se discute tudo sobre a pasta, depois escolhe um secretário que está alheio a tudo aquilo, no mínimo vai perder muito tempo para que ele possa se incorporar e se atualizar das discussões. Então, acredito que seja importante o secretário já fazer parte do processo de transição.


MidiaNews - O senhor acha que ele vai ter algum tipo de dificuldade nessas nomeações?

"Eu como prefeito tenho me esforçado muito, só não consigo fazer milagre e nem fazer papel virar dinheiro. Agora, temos conseguido fazer dinheiro render."


Mauro Mendes - Não acredito nisso. O Pedro é uma pessoa decidida e determinada, ninguém chega aonde ele chegou sem ter uma capacidade e qualidade para isso. Lógico que escolher um secretariado não é uma tarefa fácil, porque é preciso levar em conta vários fatores, é uma equação de várias variáveis, mas acredito que ele tem capacidade de formar uma equipe que irá trazer bons resultados para Mato Grosso. 


MidiaNews - Mas há recursos humanos capacitados e disponíveis para isso e que aceitem o desafio?


Mauro Mendes - Eu aceitei o desafio de ser prefeito de Cuiabá e não foi pelo salário. E tenho certeza de que não sou a última bolacha do pacote e que existem também muitas pessoas que querem trabalhar e que, obviamente, vão receber por esse trabalho, mas também se estimulam pelo desafio de servir. Mas se olhar só o salário em si, reconheço que é menor do que o tamanho da responsabilidade e do desafio que impõe a esse cargo.


MidiaNews - Qual deve ser a prioridade do governador Pedro Taques, no início de mandato?


Mauro Mendes - Entendo que você tem que ter algumas prioridades, certamente, mas o bom gestor é aquele que é capaz de tocar muitas agendas simultaneamente. Você não pode dizer que só a Saúde é uma prioridade, porque não se pode esquecer que a Educação também é prioridade, a infraestrutura do Estado também é prioridade. Dependendo da ótica e do momento, tudo é prioridade. Portanto, administrar bem é ter a capacidade de tocar simultaneamente muitas agendas.


MidiaNews - Aqui no Estado, a presidente Dilma Rousseff não teve apoio nem do senhor e nem do Pedro Taques. O senhor acha que Mato Grosso possa vir a enfrentar algum tipo de dificuldade por ter feito oposição a ela?


Tony Ribeiro/MidiaNews

"Existe uma burocracia pública que mata, emperra, atravanca e muitas vezes ela é utilizada a serviço de alguns interesses"

Mauro Mendes - Nem a Dilma, nem o Lula ganharam aqui. O Estado de Mato Grosso tem essa tradição. Mas eu já ouvi a Dilma dizendo que não governa olhando para a cor partidária, nem para o partido que pertence qualquer prefeito ou governador. Ela é presidente do Brasil. Eu mesmo nunca perguntei aqui em Cuiabá se venci ou perdi em determinados bairros para definir algum tipo de obra. Ontem, estava em um bairro que me disseram que perdi, e depois agradeceram pela quantidade de obras que investimos lá. O bom político tem que olhar para as pessoas e não para as eleições que passaram. Até porque, o que já aconteceu é passado e em alguns anos teremos novas eleições. Se você for trabalhar só para aqueles que votaram em você, será alta a probabilidade de perder as próximas eleições.


MidiaNews - O senhor está satisfeito com o respaldo do Governo Federal?


Mauro Mendes - Não, é sempre menor que as nossas demandas e necessidades. Vamos divulgar nas próximas semanas o desempenho dos convênios federais e estaduais da prefeitura nos últimos 10 anos. E ele mostra que vale muito mais a capacidade de quem é gestor do que o alinhamento político como muitas vezes foi pregado por algumas pessoas.


MidiaNews - O senhor tem falado em medidas e reformas para ajustar a máquina para enfrentar o déficit orçamentário. Qual balaço o senhor faz desse período?


Tony Ribeiro/MidiaNews

"Aceitei o desafio de ser prefeito e não foi pelo salário. Tenho certeza que existem também muitas pessoas que querem trabalhar

Mauro Mendes - Não é novidade para ninguém que a economia brasileira vem andando mal nos últimos três anos. Devemos fechar 2014 com baixíssimo crescimento e até com um crescimento negativo da nossa economia. Um dos reflexos disso é a redução da arrecadação dos impostos. Porque se compra menos, arrecada menos, produz menos impostos o que impacta diretamente na vida dos municípios. Porque a nossa receita vem dos impostos pagos pela atividade econômica que existe no país. Portanto, desde fevereiro deste ano venho alertando, tomando algumas medidas. Tínhamos um planejamento feito com pé no chão, mas como a redução da atividade econômica foi maior do que pudemos imaginar. E o resultado disso é um déficit entre o que está orçado e o que efetivamente está sendo arrecadado que deve chegar à casa de R$ 50 milhões. E aí temos que fazer cortes violentos para compatibilizar receita e despesa. Porque caso contrário vamos ficar inadimplentes com alguns fornecedores, o que eu acho um absurdo. Desde que assumi vínhamos mantendo uma regularidade nesses pagamentos, com algumas poucas exceções como na Saúde, que não conseguimos equalizar. Então, vamos ter que apertar o pé ainda mais na redução de despesas internas. 


MidiaNews - Quais setores tiveram de maneira mais acentuada esse desaquecimento?


Mauro Mendes - Tivemos perda de arrecadação no ITBI, que é um reflexo da compra e venda de imóveis na construção civil e no mercado imobiliário, tivemos redução no ISS, que significa diminuição da atividade econômica, tivemos também uma não performance no patamar planejado no IPTU. Essas foram às três principais quedas nos impostos municipais. 


MidiaNews - E dá para reverter essa situação no cenário regional?


Mauro Mendes - Pouco provável. Não tem ação que eu possa fazer para estimular a economia, por exemplo, da compra e venda de imóveis. Minha capacidade de estimular isso, como prefeito, é muito 

"Vale muito mais a capacidade de quem é gestor do que o alinhamento político como muitas vezes foi pregado por algumas pessoas."


pequena. Porque temos o cenário macroeconômico brasileiro, a percepção da economia, o medo da crise, a crise em si, o medo de 2015 e de medidas que o Governo Federal terá que tomar para sanar suas contas, e tudo isso faz com que os empresários fiquem receosos e não invistam. Mas sempre dá para fazer algo e é dentro desse universo que estamos trabalhando. Vamos apertar o pé na cobrança, na conciliação, no recadastramento para que mais pessoas paguem o IPTU, ISS, vamos diminuir nossas despesas internas, porque se não você gasta muito internamente e faz aquela gestão endógena, só na máquina pública. Enfim, vamos buscar algum nível de enxugamento para que a gente possa com essa economia continuar investindo na cidade e nas pessoas. 


MidiaNews - Em relação a essa área de construção civil, sabemos que existe um descontentamento em relação à CAB. Há diversas empresas que não conseguem avançar em empreendimentos, porque a CAB não faz a parte que, em tese, lhe caberia. Como está essa situação?


Mauro Mendes - Estamos resolvendo isso. Tem um decreto que vou assinar, construído junto com o Ministério Público, que muda as normativas, regras e dá prazos para a CAB emitir DPA e DPE, que é de cinco dias úteis. Além disso, os empreendimentos poderão construir estações autônomas de tratamento de esgoto e lançar isso na galeria de água fluvial. Porque a CAB faz isso, trata o esgoto e joga na galeria fluvial. Nós vamos fazer o monitoramento e controle da qualidade desse tratamento. Com essa modificação, tenho certeza que vamos destravar essa situação. É inadmissível você ter qualquer empreendimento barrado por causa de quem quer que seja. No momento de crise, todo e qualquer investimento é bem vindo e tem que ser priorizado.


MidiaNews - Ainda sobre a CAB, há um descontentamento de toda a sociedade com relação aos serviços prestados. O senhor, como prefeito, está satisfeito com os trabalhos entregues?


Mauro Mendes – Não estou. Mandei notificar a AMES e quero um relatório completo sobre os trabalhos da CAB. É uma obrigação deles em fiscalizar, e se não fizeram vou imputar responsabilidades a 

 

"Vamos buscar algum nível de enxugamento para que a gente possa com essa economia continuar investindo na cidade e nas pessoas. "


eles. Mas a CAB nunca teve vida fácil conosco. Logo que entramos eles estavam pleiteando aumento e com interferência nossa barramos e eles continuam brigando até hoje. Mas sou prefeito, não sou ‘Posso tudo’, tenho que respeitar contratos, respeitar legislações e não posso criar um ambiente que conspire contra a cidade. O que queremos é água na torneira das pessoas em três anos. Foi ela que se comprometeu em fazer isso. O que queremos é esgoto sendo feito para que em 10 anos toda a cidade tenha esgoto tratado. Se a CAB demonstrar que não está fazendo isso, a partir do terceiro ano, que completa em maio do ano que vem, podemos abrir um processo de quebra de concessão por inadimplência contratual. E eu garanto que faremos isso se for necessário.


MidiaNews - E em sua opinião ela vem demonstrando que tem condições de cumprir o contrato?


Mauro Mendes - Está muito distante disso. Eu e a maioria dos cuiabanos estamos insatisfeitos com os resultados até agora. O problema é se a prefeitura teria condições de sozinha fazer investimentos para enfrentar o problema ou se a questão iria ficar se arrastando ao longo dos anos, como esteve, acumulando dividas e passivos e não atendendo a cidade? É bonito fazer discurso, agora, cadê a solução? Então, não dá para agir demagogicamente e irresponsavelmente com a cidade. Não posso abrir briga contra alguém só para fazer barulho na mídia e ações populistas. Isso não se sustenta no médio e longo prazo. Tenho dito que é o tempo da verdade, qualquer assunto tem que ser tratado com verdade e responsabilidade, não posso ficar fazendo média de pão com manteiga e dai a pouco tempo a própria população seja prejudicada. Político populista que fica jogando com a plateia é um dos piores tipos de gestores e causa um mal muito grande à sociedade.


MidiaNews - Então o senhor acredita que, em tese, a CAB continua sendo a melhor solução?


Mauro Mendes - A concessão continua sendo, em minha opinião, a melhor alternativa. Se a CAB cumprir o contrato e responder as metas e 

Tony Ribeiro/MidiaNews

"Não estou focado em 2016 e nem em 2018. O que serei no futuro vai depender das entregas que farei no presente

compromissos que ela mesma assumiu, ok, continua. Mas em caso contrário, se tivermos elementos jurídicos suficientes para fazer um embate jurídico para a quebra de concessão por inadimplência contratual, não tenho dúvida de que farei isso, e colocaremos novamente para licitar. Mas não é esse o caminho que desejamos. O caminho da briga nunca é o melhor. O que queremos é eles cumprindo o contrato, água na torneira das pessoas, fazendo as redes de esgoto e atendendo a cidade. 


MidiaNews - O senhor concorreu em 2010 para o Governo, se elegeu em 2012 para prefeito e naturalmente, diante de uma gestão adequada, o próximo passo seria pleitear o Governo em 2018. O que o senhor projeta para os próximos anos?


Mauro Mendes - Antes de pensar em 2016, antes de pensar em 2018, tenho que pensar em 2014 e nos próximos dois meses que ainda temos pela frente. A prefeitura tem enormes desafios a enfrentar nesse final de ano, como manter os salários em dia, finalizar as obras iniciadas, e outros inúmeros problemas do dia a dia. Administrar é a capacidade de tocar várias agendas ao mesmo tempo. E em 2015 temos um ano longo, com uma crise brasileira que aparentemente tende a se agravar, afetando muitos setores da economia privada e duramente a arrecadação do dinheiro público. Então, antes de pensar nas próximas eleições, tenho que pensar nesse universo de compromissos que me trouxeram até aqui. Tenho que pensar em fazer bem o que me propus a fazer agora e o futuro será uma consequência natural disso. Então, não estou focado em 2016 e nem em 2018. O que eu serei no futuro vai depender dos resultados das entregas que farei no presente.


Mas é possível, para morrer basta estar vivo e para ser candidato basta estar filiado a um partido político e estar gozando dos seus direitos eleitorais. Mas isso é uma decisão a ser tomada mais para frente. E 2018 eu vejo o Pedro Taques como candidato natural a reeleição, e certamente se ele for o candidato, não irei disputar contra ele. Estou muito focado nos problemas de agora, porque existem muitas coisas que podem acontecer até lá e que podem mudar totalmente esse cenário. Não dá para ficar querendo construir um cenário em 2016 ou 2018.


MidiaNews - Durante sua campanha o senhor fez uma série de promessas, algumas estão sendo realizadas e outras não. O senhor está satisfeito com a sua gestão?


Mauro Mendes - Coloco todos os dias a minha cabeça no travesseiro e durmo com muita tranquilidade. Estou com minha consciência tranquila. Estamos conseguindo fazer boas entregas para a cidade de Cuiabá, gostaria de fazer muito mais, mas não temos os recursos para fazer tudo o que é necessário fazer. Mas também tenho a compreensão que nenhum prefeito conseguiria resolver os problemas de Cuiabá em quatro anos e eu disse isso na campanha. Mas estamos fazendo muitas coisas e estamos mudando o rumo de algumas outras. Essa semana inauguramos o Centro de Distribuição de Medicamentos de Cuiabá, isso é uma mudança de rumo, um conceito novo, uma nova realidade nessa área que vai permitir avançar na direção correta. O que fazemos são coisas de boa qualidade. Fazer asfalto de qualidade em todos os bairros de Cuiabá dificilmente iremos conseguir fazer, mas certamente o próximo prefeito não terá coragem de fazer os asfaltos casca de ovo, que era comum há algum tempo. Então, estamos criando rumos e conceitos novos para a cidade e isso em longo prazo transforma a realidade.


"Coloco todos os dias a minha cabeça no travesseiro e durmo com muita tranquilidade. Estamos conseguindo fazer boas entregas para a cidade "


MidiaNews - Esse ritmo relacionado ao andamento da construção do próximo Pronto-Socorro lhe frustra de alguma maneira?


Mauro Mendes - Frustra, mas está dentro de uma realidade. Muito mais que um mês a mais, um mês a menos, o que interessa é que estamos fazendo. Esse pronto-socorro está com a validade vencida há mais de 10 anos. E de lá para cá a cidade vive apenas na expectativa de um novo hospital. Nós já fizemos um projeto, já definimos a área, estamos com a licitação no mercado, e estamos corrigindo o que tiver que corrigir, às vezes é um erro na planilha, no projeto, no edital, e assim segue. Até hoje não tivemos nenhum problema de licitação, seja com Ministério Público ou com a Justiça, porque se tiver erro a gente recolhe, corrige, coloca novamente. Então, estou contente porque as coisas estão andando, não é na velocidade que eu gostaria, mas elas estão andando e é isso que importa.


MidiaNews - No começo da sua gestão o senhor disse que não iria interferir na composição da Mesa Diretora da Câmara e o vereador que fazia oposição a sua gestão, João Emanuel, acabou assumindo a presidência. Isso acabou travando um pouco o começo da sua gestão. O senhor acha que o governador eleito Pedro Taques deve interferir na composição da Mesa da Assembleia Legislativa?


Mauro Mendes - O que aconteceu na Câmara de Cuiabá e na nossa administração é que eu não quis interferir na Mesa e não interferi, respeitei o espaço deles. O problema é que ele, depois, quis interferir na minha administração e não soube respeitar o meu espaço. E aí, nesse conflito de interesses, deu no que deu. Isso trouxe alguns contratempos, mas entre mortos e feridos estamos aqui trabalhando e bem para Cuiabá. Então, acho que isso é uma decisão que cabe apenas ao governador Pedro Taques.


MidiaNews - Nessa disputa, o apoio do senhor vai para o deputado eleito José Eduardo Botelho, que faz parte do seu partido?


Mauro Mendes - Eu já tenho problemas demais, não tenho voto lá, como posso apoiar alguém? Obviamente, que posso ficar aqui de longe observando. Como qualquer um de nós, tenho amizades com muitos, mas não tenho a menor capacidade de interferir no voto de alguém, não sou dono de nenhum voto ali. Todos os deputados do meu partido são independentes e não significa que só por seu do meu partido que eu vá apoiar. Eu não interferi na Câmara, imagina na Assembleia.