Roberto é um dos principais ídolos do atual elenco da Ponte Preta (Foto: Marcos Ribolli)
O coração de Roberto é alvinegro. Sempre foi. Na infância, pulsava pelo Vasco. Agora, bate mais forte pela Ponte Preta. Nessas coincidências do destino, passado e presente estarão frente a frente em uma data especial para o goleiro. Neste sábado, ele completa 100 jogos pela Macaca contra o Cruz-Maltino, em São Januário, e não esconde que o carinho pelo clube campineiro, onde é ídolo, superou a paixão pelo time carioca.
- Minha família toda sempre foi Vasco. Eu tive a hora de poder jogar no time que torcia. Foi bom enquanto eu estava lá. Depois que saí, defendi outras cores e agora estou na Ponte. Pode ter certeza que muitos familiares já viraram a casaca. O que eu encontrei aqui, talvez não tenha encontrado em nenhum outro clube: respeito, admiração. É um carinho maior. As coisas (com o Vasco) vão mudando. O sentimento não morre, mas diminui um pouco. Quando saí do Vasco, meus últimos seis meses foram complicadas. Aqui na Ponte, o sentimento só aumenta - explica.
Roberto chegou ao Majestoso para a disputa do Brasileirão de 2012, no retorno do time à elite nacional. Estar na primeira divisão também tinha um significado extra para o goleiro. Representava uma volta por cima após um período em baixa, em times de menores expressão. Na Ponte, encontrou o que precisava para recuperar o moral: apoio e reconhecimento. Precisou esperar sua hora. Só foi se firmar como titular mesmo após o Paulistão de 2013, quando assumiu o posto de Edson Bastos, criticado pela eliminação para o Corinthians nas quartas de final estadual. Quando teve a oportunidade, não deixou escapar. Rapidamente virou ídolo da torcida. O respeito foi conquistado com boas atuações debaixo da trave e postura de líder fora de campo, sempre com declarações fortes e sinceras.
- A Ponte, ao longo destes noventa e nove jogos, tornou-se muito importante na minha vida, pois é o clube em que estou dando a volta por cima na minha carreira profissional, onde respeito e sou muito respeitado pelas pessoas, onde tenho uma bandeira minha tremulando em todos os jogos. Isso torna a Ponte um clube que já está marcado para o resto da vida. Todos os clubes que atuei tiveram momentos especiais, porém, a Ponte chegou em um momento diferente e marcou demais. Este centésimo jogo contribui muito para isso.
Durante a trajetória pela Ponte, Roberto considera a reta final da Sul-Americana o seu melhor momento, com classificações históricas sobre Vélez e São Paulo. Por outro lado, o rebaixamento, no mesmo período (fim de 2013), é apontado pelo goleiro como a fase mais delicada no clube. Ao escolher o jogo mais marcante, porém, ele foi buscar a sua estreia pela Macaca. Foi na goleada por 4 a 1 sobre o Coritiba, no Brasileirão de 2012. O resultado, no entanto, foi o de menos. Antes da partida, ele recebera a informação da morte do seu avô. Ainda assim, optou por entrar em campo para corresponder à confiança do grupo.
- O melhor momento foi durante a Sul-Americana. A campanha que fizemos... Só faltou o título para coroar a campanha maravilhoso. Foi um grande momento dentro da Ponte e também da minha carreira. Uma competição internacional, uma final internacional. Cem jogos parecem pouco, mas é muito. Ainda mais usando uma camisa que grandes goleiros defenderam, como o Carlos. Já o rebaixamento foi o momento mais difícil. E se eu tivesse que eleger um jogo especial, ficaria com a minha estreia, contra o Coritiba, por tudo que envolveu.
E pensar que a história de Roberto no Majestoso quase terminou bem antes. No fim de 2012, quando ainda era reserva de Bastos, ele figurou em uma lista de jogadores liberados. Só teve o contrato renovado a pedido do companheiro de posição, a quem deve gratidão pelo que construiu posteriormente na Ponte Preta.
- Eu seria dispensado sob a alegação de que o clube não poderia ficar com dois goleiros da mesma idade. O Edson teve papel fundamental na minha renovação, pois foi falar com a diretoria para repensarem no assunto, pois indiferente da idade, nos jogos que eu precisei substituí-lo, dei conta do recado. Foi onde realmente eles repensaram e decidiram renovar meu contrato. Portanto, o Edson teve papel fundamental naquele momento. Eu e o Edson compartilhamos do mesmo pensamento. Gostamos de ter ao nosso lado pessoas que contribuem para o bom andamento das coisas, pessoas que visam o lado coletivo, pois entendem que para um grupo dar certo é este lado que tem que prevalecer - agradeceu Roberto, elogiando a postura de Edson Bastos.
Agora, Roberto está próximo de coroar a trajetória na Ponte com dois feitos históricos: o acesso e o título da Série B. Mas o goleiro mira um passo de cada vez. Primeiro, espera carimbar a vaga. Depois, pensar em ser campeão. E sobre encontrar o Vasco num momento especial, o camisa 1 da Macaca prefere valorizar a marca e minimizar a coincidência.
- Atingir a marca de cem jogos com a camisa de um clube representa muito para qualquer atleta, independentemente do adversário. É marcante simplesmente por acontecer. O principal no momento é focar no acesso - completou.