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NOTÍCIA

Em debate no RS, candidatos repetem provocações

Atual governador, Tarso Genro (PT) afirmou que gestão de seu adversário será 'salto no escuro'; Ivo Sartori (PMDB) diz que petista não cumpriu promessas

Data: Sexta-feira, 24/10/2014 00:00
Fonte: Veja. Abril

Jean-Philip Struck, de Porto Alegre

José Ivo Sartori (PMDB) e Tarso Genro (PT) em debate da Globo

José Ivo Sartori (PMDB) e Tarso Genro (PT) em debate da Globo (André Antunes/Futura Press)


O último debate entre os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul repetiu o mesmo tom acusatório e repleto de provocações dos embates anteriores do segundo turno. De um lado, o governador Tarso Genro (PT) voltou a atacar as propostas vagas do seu concorrente e o apoio oferecido por ele ao tucano Aécio Neves. Do outro, o candidato José Ivo Sartori (PMDB) disse novamente que o governador não cumpriu suas promessas e o acusou de endividar ainda mais o Estado.



Logo no primeiro bloco do debate transmitido pela RBS TV, afiliada local da rede Globo, o tema dominante, como nos embates anteriores, foi a gigantesca dívida de 50 bilhões do Estado – proporcionalmente, o Rio Grande do Sul é o Estado mais endividado do país. Outros temas, como saúde e segurança pública, foram tratados apenas de maneira superficial entre os candidatos.


Tarso aproveitou a questão da dívida para atacar Sartori, afirmando que ninguém conhece as suas propostas e que os planos do peemedebista de cortar de gastos demonstram que ele não conhece em detalhes as finanças do Estado. Sartori admitiu que só depois de assumir o governo é que vai poder determinar cortes. "Existe uma caixa preta que só será aberta se ganharmos. Vamos conhecer a fundo a realidade e tomar as atitudes que forem necessárias", disse Sartori. Na réplica, Tarso disse que a resposta ilustrava sua acusação. "Esses dados que o senhor está falando, são dados públicos. Qualquer um pode consultar no site da Secretaria de Fazenda. O senhor não está respondendo porque essa é uma estratégia de campanha."



Na sequência, Tarso voltou a ligar seu adversário às administrações anteriores do PSDB e PMDB, que, segundo o governador, sucatearam o Estado.



Sartori, por sua vez, se defendeu dizendo que Tarso só "sabe olhar para o passado" e apontou que os petistas estão há 12 anos no governo federal e até agora não conseguiram articular uma renegociação da dívida dos Estados. "Ele gosta de falar para que outros façam o que ele gostaria de ter feito. Já prometeu isso [a renegociação] em 2002, mas endividou o Estado mais do que todos os outros e continua a culpar os outros", disse. "É um devaneio permanente", ironizou.



Ao longo do debate, Sartori aproveitou cada pergunta para levantar praticamente o mesmo ponto: as promessas não cumpridas de Tarso. Já o governador aproveitou cada oportunidade para dizer que o voto em Sartori, que era desconhecido da maioria dos gaúchos até dois meses atrás, "é um salto no escuro" e que suas propostas são um mistério. "Meu problema é saber o que você está pensando e o que pretende fazer. (...) O senhor está sendo omisso para que a população não saiba que tipo de governo o senhor vai fazer", acusou Tarso.



O governador também aproveitou o debate para atacar o apoio que Sartori deu para a candidatura de Aécio à Presidência quando perguntado sobre a questão da saúde. "Eu represento aqui Lula e Dilma, eu apoio o Mais Médicos, eu nunca apoiaria o Aécio que é contra o programa. Vamos continuar articulados com o governo federal. Não sei como alguém pode apoiar o Aécio, que não tem nada a ver com o Estado, e nem gosta do Estado", disse Tarso.



Sartori, por sua vez, citou os escândalos da Petrobras e da administração federal petista para atacar Tarso. "Como o senhor se sente com antigos companheiros do PT sendo denunciados e presos?", perguntou. Tarso respondeu atacando o PMDB gaúcho e citando suas credenciais de ex-ministro da Justiça. "Da mesma forma que o senhor se sente vendo seus companheiros processados no Rio Grande do Sul", disse o governador, fazendo uma referência aos peemedebistas que se envolveram com o escândalo do Banrisul. "Não venha com esse tipo de alusão. Tenho uma formação ética que me credencia como o ministro da Justiça que mais combateu a corrupção", completou o petista.

 
Gafe – Os dois candidatos também travaram uma disputa envolvendo a gafe de Sartori sobre o salário dos professores, um tema que ganhou bastante repercussão no Estado nesta semana. Na última segunda, o peemedebista disse em uma entrevista que os professores deveriam buscar o piso nacional da categoria na "Tumelero", uma loja de material de construção. O episódio provocou indignação entre sindicatos que representam a categoria. Durante uma pergunta sobre funcionalismo público, o próprio Sartori se antecipou ao assunto. "Professores, se ficou alguma dificuldade queria dizer minha afirmação era uma crítica a Tarso, que criou o piso e não pagou", disse Sartori, que aproveitou para falar que durante sua administração em Caxias do Sul os professores eram bem remunerados.



Tarso aproveitou a chance para atacar mais uma vez o adversário. "O senhor expressou por inteiro sua personalidade política em um momento em que não estava sendo orientado marketing político", disse o governador. "Foi uma mancada, ele não se conteve e mostrou todo o seu desprezo."



Na frente do estúdio, apenas militantes petistas se reuniram pra prestar apoio ao seu candidato. Os partidários de Sartori não apareceram após serem orientados por dirigentes do PMDB, numa tentativa de evitar confrontos. Ainda assim, sobraram provocações por parte dos petistas. Os militantes gritaram "Tumelero! Tumelero!" em todas as oportunidades que carros com membros da coligação de Sartori entraram no estacionamento do estúdio.



Pela última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta, Sartori é o favorito na disputa pelo governo, aparecendo com 60% das intenções de votos válidos, contra 40% de Tarso.