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NOTÍCIA

Alckmin acusa comissária da ONU de usar politicamente relatório da crise de água

Catarina Albuquerque conclui que crise é resultado da falta de investimento do governo estadual

Data: Terça-feira, 21/10/2014 00:00
Fonte: Jornal do Brasil

Um relatório da comissária especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para Água e Saneamento, a portuguesa Catarina Albuquerque, sobre a crise no abastecimento em São Paulo, causou um enorme mal estar no Palácio Bandeirantes. O incômodo levou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) a enviar um ofício ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, exigindo correções nas conclusões de Catarina. Alckmin alega "erros factuais" e uso político do documento, por ter sido divulgado em período eleitoral, violando o código de conduta da ONU.


Catarina Albuquerque foi pivô do desentendimento entre Alckmin e a ONU
Catarina Albuquerque foi pivô do desentendimento entre Alckmin e a ONU

 

O ofício enviado em papel timbrado do gabinete do Estado de São Paulo, com data de nove de setembro, afirma que a relatora da ONU concedeu entrevista coletiva em agosto, às vésperas da eleição estadual, classificando o ato como político e irregular. Alckmin adota um tom de crítica e e condiciona a sua credibilidade ao órgão à solicitada retificação do relatório. Segundo o governador, se a Organização não corrigir os ditos erros, ele ficaria em dúvida sobre a habilidade da ONU para realizar a Cúpula do Clima, realizada alguns dias após o envio do ofício, em setembro. 


Catarina afirma no seu relatório que a crise hídrica é de responsabilidade do governo estadual, que não fez investimentos necessários. O jornalista Fernando Rodrigues, que teve acesso exclusivo ao ofício de Alckmin e divulgou em seu blog, quatro pontos da visita de Catarina despertaram a ira do governo estadual: o momento político de disputa eleitoral, a visita ter sido feita em caráter não oficial, o fato de Catarina não ter procurado a Sabesp e as acusações de falta de investimento em obras de captação de água. 


Ainda em setembro, o secretário da Casa Civil de São Paulo, Saulo de Castro, também encaminhou um ofício ao Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, Zeid Raád Al Hussein, criticando o conteúdo do relatório de Catarina. Alckmin questiona o fato de Catarina, em entrevista, colocar as perdas de água no nível de quase 40%, ressaltando que o índice correto no Estado era de 31,2% na época.