Rebeldes pró-Rússia libertaram 1,2 mil prisioneiros no leste da Ucrânia, segundo o presidente do país, Petro Poroshenko. As libertações ocorreram depois de ser fechado na última sexta-feira um acordo de cessar-fogo, que incluía a troca de prisioneiros.
Poroshenko fez o anúncio durante visita à cidade portuária de Mariupol, que vem sendo bombardeada pelos separatistas nos últimos dias. O conflito no leste da Ucrânia já matou 2,6 mil pessoas desde abril.
"Mariupol é a Ucrânia. Não abriremos mão desta terra", disse o presidente ucraniano em sua conta no Twitter.
Antes da trégua, os rebeldes haviam avançado no leste do país e assumido o controle de uma área a alguns quilômetros de Mariupol. Apesar de alguns tiros disparados isoladamente, o cessar-fogo parece estar sendo mantido.
Ao mesmo tempo, a União Europeia (UE) prepara novas sanções à Rússia por sua influência no conflito, apesar do alerta feito pelo Kremlin que haverá retaliação.
As novas sanções devem ser colocadas em prática já nesta terça-feira, mas podem ser "reversíveis", segundo uma porta-voz da UE, dependendo de como estiver a situação na Ucrânia.
Grandes empresas de petróleo estatais, incluindo a Rosneft, que já havia sofrido sanções por parte dos Estados Unidos, estão entre os alvos desta nova leva. O setor de gás não faz parte da lista.
As sanções restringiriam o acesso destas empresas ao mercado financeiro europeu, algo importante para a Rosneft, que pediu um empréstimo de US$42 bilhões (o equivalente a R$94,5 bilhões) ao governo russo no mês passado.
Também expandiriam a proibição de concessão de vistos e o congelamento de bens de autoridades russas, inclusive de líderes separatistas.
Andrew Walker, correspondente de economia da BBC, explica que a Rosneft é uma empresa muito importante no mercado europeu de energia.
"A UE importa 90% do petróleo não-refinado que usa e a Rosneft é, de longe, a principal fornecedora. As sanções não parecem afetar diretamente esta relação, mas impediriam que a empresa conseguisse dinheiro no mercado europeu", diz Walker.
"Como o petróleo é transportado majoritariamente pelo mar, se esse comércio fosse prejudicado, a Rússia poderia ser substituída, apesar de haver um custo maior. Com o gás, a história é outra, porque chega à Europa por gasodutos, e seria muito difícil compensar uma interrupção do fornecimento do gás russo."
Em resposta, a Rússia diz que responderá "assimetricamente" às novas sanções.
Uma das reações possíveis, segundo o premiê russo Dmitry Medvedev, seria proibir que voos internacionais passem por seu espaço aéreo, o que faria com que empresas gastassem mais dinheiro com combustível para chegar a seus destinos na Ásia.
O governo russo nega as acusações feitas por Kiev e por governos ocidentais de que estaria enviando tropas para as cidades de Donetsk e Lugansk para ajudar os rebeldes, que querem criar um Estado independente na região.