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NOTÍCIA

EUA confirmam autenticidade de vídeo de jornalista decapitado

Data: Quinta-feira, 04/09/2014 00:00
Fonte: BBCBrasil.com

Steven Sotloff (Reuters)

Steven Sotloff desapareceu na Síria em 2013

 

Um vídeo divulgado na internet nesta terça-feira mostra decapitação do jornalista americano Steven Sotloff, de 31 anos, por militantes do Estado Islâmico (EI), que o mantinham refém. A imagem foi autenticada por autoridades americanas nesta quarta-feira.


Sotloff havia desaparecido na Síria em agosto de 2013. Ele já havia aparecido no fim do vídeo divulgado no fim do mês passado, em que o também jornalista americano James Foley era mostrado sendo decapitado por um integrante do mesmo grupo.

O EI ameaçava decapitar Sotloff se os Estados Unidos não parasse com os ataques aéreos ao grupo.


No novo vídeo, Sotloff aparece de joelhos ao lado de um militante do Estado Islâmico encapuzado e com uma faca na mão.


O militante ainda ameaça matar um terceiro sequestrado, de nacionalidade britânica, alertando que governos estrangeiros devem abandonar a aliança que formaram contra a organização islâmica.


O britânico sequestrado não teve seu nome divulgado pela imprensa, a pedido da sua família.


"Estou de volta, Obama, e estou de volta por causa de sua política arrogante com o Estado Islâmico... apesar de nossos alertas", ele diz.


"Esta é uma oportunidade de alertar aqueles governos que entrarem nesta aliança maligna da América contra o Estado Islâmico para não interferirem e deixarem o nosso povo em paz."


Vingança

James Foley (Reuters)

Foley também foi morto pelo Estado Islâmico


Segundo o correspondente para assunto de segurança da BBC, Frank Gardner, a decapitação seria uma forma do EI se vingar dos Estados Unidos por suas ações contra o grupo.


Recentemente, o país realizou uma série de ataques aéreos contra alvos ligados ao EI no Iraque.


Foram realizados ao menos 120 ataques no último mês para auxiliar forças curdas no combate ao avanço do EI nesta região e para proteger minorias ameaçadas pelos militantes.


Sotloff era um jornalista freelancer de diversas publicações, como a revista Time e os sites Foreign Policy, Christian Science Monitor e World Affairs Journal.


Ele trabalhou em países como Egito, Líbia e Síria.


Em sua conta no Twitter, que não é atualizada desde 3 de agosto de 2012, ele se descreve como um "filósofo de Miami".


Ele publicava posts sobre a Síria, Líbia, Egito e Turquia - mas também sobre o time de basquete para o qual torcia, o Miami Heat.


Sotloff cresceu em Miami e estudou jornalismo na Universidade da Flórida Central. Seu amigo Emerson Lotzia disse à revista da universidade para a qual o jornalista escrevia que Sotloff "amava o que fazia".


"Steve disse que sentia medo de onde estava e que lá era perigoso. Ele sabia que não estava seguro, mas continuava a voltar para lá", disse Lotzia.


Determinação

Suas reportagens também revelam sua determinação de trabalhar em campo, apesar dos riscos em potencial.


Em uma reportagem de 2013 feita no Egito, Sotloff descreve sua visita a um acampamento de protestos da Irmandade Muçulmana, apesar de ter sido avisado por um amigo egípcio que estaria em perigo se fosse até lá.


"Depois de uma hora de conversas infrutíferas, me levantei, apertei a mão de Ahmad e fui direto ao local onde ele acreditava que eu morreria", ele escreveu.


O jornalista se concentrava no lado humano dos conflitos que cobria, escrevendo sobre as multidões de refugiados na Síria que lutavam contra a falta de comida ou abrigo no início de 2013.


Ele também trabalhou na Líbia em 2012, reconstruindo o que havia acontecido na noite em que o consulado americano em Benghazi foi atacado.


Ele argumentava que qualquer ação dos Estados Unidos após o ataque deveria ser muito cuidadosa, dizendo à emissora Fox News: "Os libaneses são muito gratos aos americanos pelo que eles fizeram no ano passado durante a revolução...é muito importante que isso continue, porque a Líbia pode ser um forte aliado no futuro".


Ann Marlowe, uma escritora que diz ter conhecido Sorloff na Líbia, disse que "ele vivia no Yemen há anos, falava árabe e amava muito o mundo islâmico".


Em um comunicado, o World Affairs Journal o descreveu como "um jornalista dedicado que tentava entender uma história pela perspectiva local" e que ele era "certamente muito corajoso".