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Relator diz que elaborou perguntas para CPI, mas não respostas

José Pimentel voltou a negar orientação prévia a depoentes da Petrobras. Segundo revista, senador repassou a Gabrielli 'gabarito' com as questões.

Data: Terça-feira, 05/08/2014 00:00
Fonte: Priscilla Mendes Do G1, em Brasília

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, senador José Pimentel (PT-CE), disse nesta terça-feira (5) que elaborou as perguntas que seriam dirigidas aos depoentes durante as investigações sobre a petroleira e que parte delas foram divulgadas publicamente no início do funcionamento da comissão. Ele, porém, negou ter orientado os depoentes e combinado as respostas.


De acordo com reportagem da revista "Veja", um vídeo indica que a presidente da Petrobras, Graça Foster, o ex-presidente José Sérgio Gabrielli e o ex-diretor da área internacional Nestor Cerveró tiveram acesso antecipado às perguntas dos parlamentares antes dos depoimentos que prestaram à comissão. Segundo a publicação, Pimentel teria feito chegar a Gabrielli perguntas elaboradas por seus assessores.


Quero dizer que a assessoria da CPI jamais produziu qualquer questionamento com sua respectiva resposta. Chegamos a produzir até 130 perguntas por depoente, mas nunca o fizemos com essas perguntas acompanhadas por respostas"
José Pimentel (PT-CE)

Em discurso no plenário do Senado, o relator disse que o plano de trabalho elaborado por ele próprio no início das investigações já continham uma relação prévia de perguntas que seriam dirigidas aos depoentes. "Logicamente, os convocados poderiam se preparar melhor, com histórico e dados, sobre as questões ali adiantadas", explicou Pimentel.


O relator, porém, negou que tenha combinado respostas às indagações que seriam feitas durante as reuniões da CPI. Ele ainda afirmou que nunca se reuniu com nenhuma testemunha durante o curso das investigações nem emitiu orientações.


"Quero dizer que a assessoria da CPI jamais produziu qualquer questionamento com sua respectiva resposta. Chegamos a produzir até 130 perguntas por depoente, mas nunca o fizemos com essas perguntas acompanhadas por respostas. Considero qualquer afirmação ou insinuação nesse sentido leviana e irresponsável", afirmou.

 

O senador ainda criticou o boicote feito pela oposição à CPI do Senado. Na época da instalação, os oposicionistas decidiram não participar das reuniões a fim de priorizar o trabalho da comissão mista, com presença também de deputados. Por essa razão, a CPI da Petrobras restrita aos senadores vinha contando com a presença de quatro ou cinco senadores governistas, do total de 16 integrantes.


Para Pimentel, se a oposição tivesse participado das reuniões, outras perguntas poderiam ser feitas além das previamente divulgadas por ele. "É claro que, se a oposição, que pediu a CPI, estivesse efetivamente participando das oitivas, poderia fazer novas perguntas, questionar à sua maneira os depoentes. Mas essa é uma decisão política que cabe à própria oposição", disse.


O relator usou a tribuna também para mostrar a "produtividade" da CPI. Segundo ele, nos oitenta e dois dias de funcionamento, a comissão fez onze reuniões, das quais nove foram oitivas.