Pesquisas de boca de urna sugerem que o magnata do setor de doces da Ucrânia, Petro Poroshenko, conhecido como "rei do chocolate", venceu a eleição presidencial realizada neste domingo no país.
Poroshenko teria conseguido mais de 55% dos votos já neste primeiro turno, de acordo com as pesquisas preliminares.
Baseado nestes resultados, o magnata de 48 anos já anunciou a vitória, prometeu fortalecer os laços com a União Europeia e restaurar a paz na região leste do país, onde separatistas pró-Rússia ainda estão em conflito com as forças do governo interino.
A votação deste domingo não foi totalmente tranquila, os separatistas tumultuaram a eleição e cerca de 20 pessoas morreram em confrontos nos últimos dias.
Nenhuma zona eleitoral foi aberta na cidade de Donetsk e naquela região apenas sete das 12 comissões dos distritos eleitorais estavam operando. Os separatistas controlam grandes áres das regiões de Donestk e Luhansk.
Mas, as autoridades ucranianas afirmaram que o comparecimento foi alto no resto do país. Quatro horas antes do encerramento da votação, estimativas não oficiais afirmavam que o comparecimento tinha sido de 45%.
As pesquisas de boca de urna ainda apontam que a candidata Yulia Timoshenko ficou em um distante segundo lugar, com apenas pouco mais de 12% dos votos.
"Quero parabenizar toda a Ucrânia que, apesar da agressão externa, apesar da intenção do Kremlin de prejudicar esta eleição, tivemos uma eleição honesta e democrática na Ucrânia", disse a candidata depois do fechamento das urnas.
Se estes números forem confirmados, não será necessário o segundo turno que estava previsto para o mês que vem.
Para David Stern, analista da BBC em Kiev, a esperança agora é que esta eleição una o país e dê legitimidade a Poroshenko, "especialmente aos olhos dos moradores do leste, onde o movimento separatista pró-Rússia se fortaleceu".
"Apenas algumas comissões eleitorais estavam operando nas regiões do leste do país e há o temor de que, nos próximos dias, ocorra um aumento da violência lá. A principal questão é: qual será a reação da Rússia?"
Stern lembrou que o presidente russo, Vladimir Putin, disse que vai respeitar o resultado da eleição.
"Mas respeitar não é exatamente o mesmo que reconhecer. A Rússia pode decidir que qualquer ação de Poroshenko para acabar com a insurgência no leste será inaceitável."
"Também ficamos sabendo que Poroshenko pode ser um homem com o qual o governo russo pode trabalhar. Ele é um empresário com interesses na Rússia. Os russos têm alguma familiaridade com ele, o que possivelmente pode contribuir para negociações nos próximos dias", acrescentou Stern.
Discursando para seus partidários em Kiev, Poroshenko afirmou que vai apoiar a realização de uma eleição parlamentar ainda em 2014.
O magnata também afirmou que nunca vai reconhecer o que ele chamou de "ocupação da Crimeia" pela Rússia. A região foi anexada pelos russos em março.
Quando questionado sobre as relações com a Rússia, Poroshenko afirmou que a "soberania e integridade territorial" da Ucrânia são o mais importante para ele.
Poroshenko é um bilionário proprietário do grupo Roshen Chocolates, de um canal de televisão e de várias fábricas.
A eleição presidencial deste domingo foi convocada depois que o presidente Viktor Yanukovych foi deposto em fevereiro em meio a grandes protestos contra suas políticas pró-Rússia.
No total, 18 candidatos disputaram a eleição presidencial, vista como uma votação crucial para unir o país.
Depois de referendos no dia 11 de maio, os separatistas de Donetsk e Luhansk declararam independência, algo que não foi reconhecido pelo governo central em Kiev ou pelos aliados ocidentais da Ucrânia.
O presidente americano, Barack Obama, afirmou que a eleição na Ucrânia foi um "passo importante para avançar com os esforços do governo ucraniano para unificar o país".