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NOTÍCIA

Dominguinhos: Documentário homenageia sanfoneiro e emociona

Data: Quinta-feira, 22/05/2014 00:00
Fonte: Por Kelly Lima/ Diário 24 Horas

Carregado de sensibilidade, o documentário “Dominguinhos” foi exibido na última edição do festival “É Tudo Verdade”. Os fãs do músico puderam reviver as canções e escutar novamente a sanfona desse ícone tocar as mais belas e emotivas melodias. A produção é uma homenagem ao artista, que faleceu em 23 de junho do ano passado.



A obra conta com a codireção do montador e diretor de vídeos de peças teatrais Joaquim Castro, do pianista e compositor Eduardo Nazarian e da cantora Mariana Aydar. Juntos, o trio montou um curta sensorial, indo além de arquivos e depoimentos, para passar ao público um retrato ímpar da vida do sanfoneiro. Eles conseguem, logo no início do documentário, levar o espectador ao aconchego do sertão em um show de sons sertanejos e narrativas, quase cronológicas, da vida de Dominguinhos.


O filme é focado na história do cantor, contada por ele mesmo através de depoimentos dados pelo próprio para a equipe do longa ou para programas de TV, especialmente o canal Cultura, que é coprodutora do curta. Várias imagens de arquivo são utilizadas para ilustrar a vida de José Domingos de Morais; migrantes nordestinos partindo em caminhões pau de arara; o Rio de Janeiro dos anos 1960 e 1970; os protestos durante a ditadura militar, entre outras coisas.



Apresentações raras e inusitadas do músico são o grande trunfo do documentário, como por exemplo, o ensaio intimista de Nana Caymmi chorando ao cantar com ele “Contrato de Separação”. Vídeos de duetos entre ele e outros grandes cantores da MPB, como Djavan, Hermeto Pascoal, Hamilton de Holanda e Yamandu Costa, foram apresentados ao público. As parcerias com Gal Costa, Elba Ramalho e Gilberto Gil também foram registradas e executadas no filme.



A relação profissional e pessoal com seu padrinho musical, o rei do baião, Luiz Gonzaga, de quem herdou a missão de eternizar a sanfona na música brasileira, e a compositora e cantora Anastácia, com quem manteve um relacionamento, é contada no documentário. Talvez seja o mais próximo que o público chegue da vida pessoal de Dominguinhos no documentário, pois o mesmo dá mais enfoque ao lado musical do artista. 



São 48 minutos de exibição e ainda se sente a ausência de alguns trechos de sua carreira no longa. O que aplaca isso é a sequência final, com a fala de Dominguinhos sobre sua família e a solidão do artista junto às lágrimas vertidas ao tocar com a Orquestra Jazz Sinfônica um belo arranjo para De Volta Pro Meu Aconchego. É a prova que para superar a falta que a distância traz ele seguiu os passos de seu mestre: “Saudade, meu remédio é cantar”.