A China convocou o embaixador americano em Pequim, Max Baucus, em resposta às acusações dos Estados Unidos contra cinco militares chineses por ciberespionagem industrial. Na reunião, o vice-ministro de Relações Exteriores Zheng Zeguang protestou contra o ato do governo dos EUA, ressaltando que a ação prejudicou seriamente as relações entre os dois países. Segundo comunicado divulgado nesta terça-feira pela chancelaria chinesa, ele advertiu ainda que, dependendo do desdobramento do caso, a China “tomará novas medidas em relação às acusações”. A embaixada americana confirmou que a reunião ocorreu, mas não divulgou detalhes sobre a conversa.
O embaixador chinês nos Estados Unidos, Cui Tiankai, engrossou as críticas ao governo americano. “As acusações que os Estados Unidos fizeram contra esses militares são pura ficção e um absurdo extremo”, disse o diplomata, segundo declaração divulgada pelo serviço de notícias estatal chinês. O Ministério da Defesa também convocou o adido militar americano para protestar contra ações “que violam seriamente as normas de governança nas relações internacionais e prejudicam a imagem do Exército chinês”.
O governo chinês apresentou ontem à noite um protesto formal ao americano e anunciou, em represália, a suspensão do diálogo Pequim-Washington em matéria de segurança cibernética. A reação de Pequim às acusações representa o primeiro teste para o embaixador Baucus, que assumiu a posição em março, com o intuito de equilibrar os interesses americanos com a vontade de Washington de ampliar a cooperação econômica com a China – seu maior credor internacional.
O Departamento de Justiça dos EUA determinou a prisão de cinco hackers militares chineses (Reprodução)
O Departamento de Estado americano anunciou ontem o indiciamento de cinco hackers que trabalham para o Exército da China e teriam espionado empresas privadas e uma união sindical americana. Esta é a primeira acusação criminal feita pelos Estados Unidos contra militares estrangeiros.
Mesmo sendo difícil imaginar desdobramentos relevantes na esfera judicial – a possibilidade de os indiciados serem julgados nos Estados Unidos é mínima –, no campo diplomático o caso aprofunda as diferenças bilaterais. Além das questões ligadas à ciberespionagem, Washington e Pequim também deixam claras as discordâncias em relação a temas como direitos humanos, disputas comerciais e a ambição chinesa sobre zonas marítimas na Ásia.
(Com agências Reuters e EFE)