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NOTÍCIA

Após independência, Lugansk poderá votar anexação à Rússia

O presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchynov, chamou referendo de "farsa" sem efeitos jurídicos

Data: Segunda-feira, 12/05/2014 00:00
Fonte: TERRA

Pessoas em posto de votação de referendo sobre o estatuto das regiões Donetsk e Luhansk, em Moscou

Foto: Reuters


A região de Lugansk, no leste da Ucrânia, pode organizar um novo referendo, desta vez sobre sua anexação à Rússia, disse um porta-voz dos separatistas pró-Rússia da região. A informação foi divulgada pela agência de notícias estatal russa RIA nesta segunda-feira.


"Se essa decisão (de conduzir um referendo sobre se juntar à Rússia) for tomada, então, em seguida, a vontade do povo será considerada", disse o porta-voz, de acordo com a RIA.


A região foi uma das duas províncias ucranianas que conduziram um referendo separatista no domingo. Um dos organizadores do pleito afirmou que 96,2 por cento dos eleitores optaram pela autonomia de Lugansk, segundo relatos da imprensa.


Rússia respeita resultado de referendo pró-Moscou 
A Rússia anunciou nesta segunda-feira que respeita o resultado dos polêmicos referendos recentes - nos quais regiões do leste pró-Moscou da Ucrânia se pronunciaram de maneira ampla em favor da independência - e defendeu um diálogo das autoridades ucranianas com os separatistas de Donetsk e Lugansk.


Pessoas em posto de votação de referendo sobre o estatuto das regiões Donetsk e Luhansk, em Moscou
Foto: Reuters

"Em Moscou, respeitamos a expressão da vontade dos cidadãos das regiões de Donetsk e Lugansk", afirma um comunicado do Kremlin. 


"Partimos do princípio de que a aplicação do resultado dos referendos acontecerá de maneira civilizada, sem mais violência, por meio do diálogo entre os representantes de Kiev, Donetsk e Lugansk", completa a nota.


Na região de Donetsk, os resultados apontaram para quase 90% de apoio ao "Sim" à independência. A consulta não foi reconhecida por Kiev nem pelos países ocidentais. Uma fonte ligada aos separatistas anunciou uma taxa de 75% de participação.


O resultado do referendo de independência na região vizinha de Lugansk deve ser divulgado nesta segunda-feira, mas as primeiras estimativas apontam para um resultado similar.

Várias detonações foram registradas na manhã desta segunda-feira em Slaviansk, reduto rebelde em Donetsk.


A operação militar iniciada por Kiev em 2 de maio contra os separatistas teve prosseguimento na localidade de Andriivka, na entrada sul da cidade de 110.000 habitantes cercada pelas forças ucranianas, afirmou a porta-voz dos ativistas pró-Rússia em Slaviansk, Stella Jorosheva.


As autoridades ucranianas e a comunidade internacional temem a reprodução de um cenário similar ao que levou, em março, à anexação da península da Crimeia à Rússia, após um referendo.


O presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchynov, chamou, nesta segunda-feira, de "farsa" sem efeitos jurídicos os referendos.


"A farsa que os terroristas chamam de referendo é apenas um disfarce propagandístico dos assassinatos, sequestros, violência e outros crimes graves", declarou Turchynov no Parlamento.


As autoridades de Kiev "continuarão dialogando com aqueles que no leste da Ucrânia não têm as mãos manchadas de sangue e estão dispostos a defender seus objetivos de maneira legal", completou.


O único "efeito legal" do referendo é levar à justiça os que o convocaram, disse o presidente interino.


Para buscar uma saída da crise, a Organização para a Cooperação e a Segurança na Europa (OSCE) nomeou nesta segunda-feira o veterano diplomata alemão Wolfgang Ischinger como mediador da organização na Ucrânia.


 O presidente da OSCE, Didier Bulkhalter, afirmou que o governo ucraniano aceitou a proposta de mediação, durante uma reunião com os ministros das Relações Exteriores da UE em Bruxelas.

Mas a Rússia descarta a ideia de novas negociações internacionais sobre a Ucrânia se o diálogo não contar com os representantes das regiões separatistas do leste do país, declarou o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.


"Voltar a reunir-se a quatro partes não faz sentido", declarou Lavrov ao ser questionado sobre a possibilidade de uma nova rodada de negociações entre Rússia, Ucrânia, União Europeia e Estados Unidos, como a celebrada em abril em Genebra.


Kiev pretende manter a eleição presidencial antecipada de 25 de maio e acusa Moscou de tentar impedir a votação.


Os rebeldes, que não aceitam as eleições, chamam de "fascista" o governo provisório, que assumiu o poder após a queda do presidente pró-Rússia Viktor Yanukovytch no fim de fevereiro.


Com informações da Reuters e AFP.