Quem esteve na Arena Corinthians na última terça-feira (22), durante visita da Fifa às obras do estádio, pôde ver um Jérôme Valcke visivelmente irritado.
Enquanto as autoridades do Estado de São Paulo abusaram do discurso político, o secretário-geral da Fifa foi mais realista, disse que acredita na abertura no Itaquerão, mas que qualquer minuto perdido pode comprometer o Mundial.
Nitidamente cansado, Valcke foi claro ao dizer que não é um sonhador e gosta de ver as coisas concretas. É um recado! Como falou o próprio: para ele, o sossego só virá depois que a Copa acabar.
Toda essa acidez tem motivo. Quem passa pelas obras vê uma Arena imponente, mas incompleta. Se o mutirão de operários vai dar conta de deixar as arquibancadas prontas, o mesmo não pode ser dito do entorno.
Quando a Copa chegou, o discurso era de que haveria um legado, haveria consequências positivas para a população e desenvolvimento no bairro de Itaquera.
O metrô continua superlotado como sempre — o usei para chegar até lá — e as obras viárias ficaram no papel. Quando questionada sobre infraestrutura, a vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão, fez cara de azeda, como se tudo corresse às mil maravilhas.
Azeda mesmo vai ficar a vida dos moradores do bairro depois da Copa do Mundo. Afinal, o Itaquerão vai estar lá, mas o entorno, parte que interessa na vida das pessoas que trabalham e pagam impostos, pelo que foi visto hoje, terá no máximo o lixo recolhido.