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NOTÍCIA

Defaz fará devassa fiscal na Rio Móveis e não descarta prisão de envolvidos na venda de computadores roubados

Carlos Fernando da Cunha Costa, titular da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra Administração Pública, avisa sobre pente fino.

Data: Quinta-feira, 06/03/2014 00:00
Fonte: Jardel P. Arruda e Ronaldo Pacheco/ Olhar Direto

O delegado da Fazenda Carlos Fernando da Cunha Costa, que auxiliou o delegado Roger Elisandro Jarbas na “Operação Qbex”, deflagrada na manhã desta quinta-feira (06), confirmou a existência de indícios de sonegação fiscal na rede de lojas Rio Móveis, além de uma suposta receptação e venda de computadores roubados. Fiscais da Secretaria de Estado da Fazenda irão auxiliar as investigações e farão uma devassa na contabilidade das lojas para apurar o suposto crime.

 

De acordo com Carlos, investigações no movimento de notas fiscais da rede Rio Móveis revelam que a loja matriz sempre pediu a anulação de parte das notas emitidas alegando duplicidade. Como os números movimentados eram pequenos, não passavam por uma auditagem manual, então a rede ficava isenta de pagar o importo de parte da mercadoria.



“Para uma loja a matriz enviou 25 computadores e emitiu nota de 30, para ter uma desculpa para poder anular as duplicatas. Então ela alegava duplicidade e anulava 10 notas, possivelmente deixando de pagar os impostos de 5 produtos”, explicou Carlos. A quantidade de notas canceladas, caso siga a proporção do exemplo, equivale a mais de 15% dos produtos. 



Com ou sem dolo?

A prioridade da investigação será descobrir se houve ou não intenção da rede Rio Móveis comprar computadores roubados ou se a empresa também é uma vítima do esquema. Em caso de dolo, Carlos Fernando não descarta a prisão de envolvidos na aquisição do produto. “Primeiro temos de separar o joio do trigo. Há muitos funcionários nessa rede e não imaginamos que todos estejam envolvidos”, afirmou.



Parte dos computadores apreendidos em Cuiabá e Varzea Grande

A Operação

A Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra Administração Pública (DEFAZ) cumpriu 23 mandados de busca e apreensão em lojas da rede Rio Móveis, espalhados por 31 municípios de Mato Grosso, com o objetivo de capturar mais de 600 computadores, avaliados em mais de R$ 1 milhão, oriundos de um roubo em Goiás. Também foi cumprido um mandado no escritório de contabilidade responsável pelas contas da empresa, em Colíder, município aonde fica a sede do grupo.



Nas lojas de Cuiabá e Várzea Grande foram apreendidos 80 computadores, além de várias notas que comprovam a venda do produto. “A saída desses computadores era muito grande. Eles estavam sendo vendidos a um preço muito baixo, entre R$ 600 e R$ 800, quando deveriam custar mais de R$ 1300”, disse o delegado Carlos Fernando.



Conforme a Polícia Civil, a carga era destinada para uma determinada empresa que havia solicitado um lote com configuração específica. Desta forma, as investigações levantaram suspeitas contra a empresa Rio Móveis, que foram comprovadas quando um dos agentes comprou um dos computadores roubados e constatou que a configuração e o lote batiam com da carga roubada.



O delegado Roger Elisandro Jarbas, titular das investigações que culminaram na operação, está em Colíder, na sede da empresa, aonde apreendeu as notas fiscais de entrada dos computadores e procura por mais provas e depoimentos. 



A Rede Rio Móveis

O diretor do Grupo Rio Móveis e Eletro, Joilson Aquino, afirma que a empresa fez a compra dentro da normalidade e também é uma vítima. “Nós fizemos uma compra dentro da normalidade. E o delegado deixou a loja munido de toda documentação que comprova a origem desses produtos”, afirmou, em entrevista ao Olhar Direto. 



“Somos uma empresa em atividade há 34 anos e temos 40 filias, gerando 900 empregos diretos, legalmente constituída, e que tem gerado benefícios fiscais ao Estado”. Aquino finaliza informando que disponibilizou aos delegados envolvidos na ação todas as máquinas da marca alvo da operação. “Mandei trazer todas para um depósito e estão à disposição da polícia”.