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NOTÍCIA

Prefeito decreta ponto facultativo para evitar conflito entre produtores e PF

Prefeito de Alto Boa Vista (MT) decretou ponto facultativo por 48 horas. Famílias retornaram depois que foram obrigadas a deixar de terra indígena.

Data: Terça-feira, 28/01/2014 00:00
Fonte: Do G1 MT

Preocupado com possíveis confrontos entre os produtores rurais despejados da terra indígena Marãiwatsédé e policiais federais, o prefeito Leuzipe Domingues Gonçalves decretou ponto facultativo por 48 horas em Alto Boa Vista, a 1.064 km de Cuiabá. O prefeito disse ao G1 que a decisão partiu dele mesmo, em conversa com a assessoria jurídica do município, como medida de precaução.

 

“São muitos policiais e produtores rurais circulando aqui pela cidade, já que a reserva começa a apenas 4 km da cidade. A pressão aqui é grande. Temo que algo possa acontecer”, argumentou o gestor. Durante o período de ponto facultativo, apenas os serviços essenciais como segurança e saúde serão mantidos. O prefeito revelou que apesar do ponto facultativo, os serviços internos na prefeitura não vão devem parar. “Apesar de ter começado hoje, estamos trabalhando. Hoje e amanhã, apesar de ponto facultativo, iremos trabalhar”.

 

Equipes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) chegaram na terra indígena na segunda-feira (27) para evitar a permanência das famílias de produtores rurais que retornaram ao local na última semana. A determinação para que as polícias Federal e Rodoviária Federal voltassem para a área partiu de uma decisão da Justiça, neste fim de semana. De acordo com o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), José Hélio Macedo, aqueles que se recusarem a deixar a área, de aproximadamente 165 mil hectares, serão presos e devem responder pelo crime de desobediência.


O advogado dos produtores rurais, Luiz Alfredo Ceresim de Abreu, disse que há entre 200 e 300 famílias na terra, que teriam retornado porque não conseguiram se restabelecer em outros lugares. "A terra era tudo o que tinham. Estavam passando fome e resolveram voltar", afirmou. Ele disse, no entanto, que a orientação é para que as famílias só retornassem após decisão judicial. A saída dos não índios da terra foi determinada pela Justiça em 2012, já que foi considerada pertencente aos índios da etnia Xavante.